Por Maksym Levin e Pavel Polityuk
BORODYANKA/LVIV, Ucrânia (Reuters) - Rússia e Ucrânia concordaram sobre a necessidade de organizar corredores humanitários e um possível cessar-fogo em torno deles para civis ucranianos fugirem da guerra, disseram negociadores dos dois lados após conversas nesta quinta-feira.
Mas, embora o negociador russo Vladimir Medinsky tenha dito que as negociações “progrediram substancialmente”, as forças invasoras da Rússia cercaram e bombardearam novamente cidades ucranianas, com o conflito entrando em sua segunda semana.
Um negociador ucraniano afirmou que as conversas ainda não entregaram os resultados que Kiev esperava, mas que os dois lados chegaram a um entendimento sobre a retirada de civis.
Em Moscou, o presidente russo, Vladimir Putin, rechaçando as condenações ao redor do mundo à invasão, disse que a operação militar estava indo de acordo com o plano.
Soldados e civis ucranianos mantiveram a resistência à força invasora, e a capital Kiev e outras grandes cidades permaneciam sob controle ucraniano na noite de quinta-feira.
Mas a crise humanitária se aprofundou, com a ONU dizendo que um milhão de pessoas fugiram de suas casas até agora.
Aqueles que ficaram estão enfrentando bombardeios e ataques de mísseis em várias cidades, muitas vezes em áreas residenciais. Faixas da região central de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia com 1,5 milhão de pessoas, foram destruídas.
As conversas entre Rússia e Ucrânia, em um local não especificado, marcaram a primeira vez que os dois lados concordaram em qualquer progresso sobre qualquer assunto desde a invasão da Rússia.
O assessor presidencial da Ucrânia Mykhailo Podolyak disse que os dois lados preveem um possível cessar-fogo temporário para permitir a retirada de civis e a criação de corredores humanitários para a saída de civis.
“Quer dizer, não em todo lugar, mas apenas nos lugares em que os próprios corredores humanitários estiveram localizados, será possível cessar-fogo durante a evacuação”, disse.
Eles também chegaram a um entendimento sobre a entrega de remédios e alimentos a locais onde as lutas mais ferozes estão acontecendo.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse mais cedo que Kiev e Moscou poderiam encontrar uma maneira de parar a guerra se o Kremlin tratar a Ucrânia em pé de igualdade e entrar nas conversas com disposição para negociar de boa fé.
“Há coisas nas quais algum meio termo precisa ser encontrado para que as pessoas não morram, mas há coisas em que não há meio termo”, disse Zelenskiy, em uma entrevista pela televisão, dizendo que estava disposto a ter uma conversa aberta com Putin.
(Reportagem de Pavel Polityuk, Natalia Zinets, Aleksandar Vasovic, na Ucrânia, e outras redações da Reuters)