Por Jonathan Landay e Idrees Ali
WASHINGTON (Reuters) - A Ucrânia fez um apelo à Otan nesta quinta-feira para que suspenda as restrições ao uso de armas de longo alcance contra alvos na Rússia, dizendo que isso seria um "divisor de águas" em sua guerra com Moscou, enquanto a China classificou as críticas da Otan ao seu apoio à Rússia como tendenciosas e maliciosas.
Os membros da Otan emitiram uma declaração de apoio à Ucrânia na cúpula de Washington na quarta-feira, prometendo ajuda adicional e se comprometendo a apoiar seu "caminho irreversível" para a adesão à Otan. Os líderes da Otan realizariam uma sessão de duas horas com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy na tarde desta quinta-feira.
Andryi Yermak, chefe de gabinete do presidente ucraniano, disse que estava "satisfeito" com a declaração da cúpula da Otan na quarta-feira, mas acrescentou:
"Os parceiros devem retirar todas as restrições ao uso de armas não apenas no território ucraniano, mas ter a possibilidade de responder (aos ataques russos) inclusive no território da Rússia."
Ele disse em um fórum público no último dia da cúpula de três dias da Otan que a Rússia não tinha restrições e que seria "um verdadeiro divisor de águas" se os aliados da Ucrânia pudessem suspender todos os limites sobre o uso das armas que fornecem à Ucrânia, que está em guerra com a Rússia desde 2022.
Os membros da Otan têm adotado abordagens diferentes sobre como a Ucrânia pode usar as armas que doam. Alguns deixaram claro que Kiev pode usá-las para atingir alvos dentro da Rússia, enquanto outros disseram que elas só podem ser usadas dentro da Ucrânia.
Em maio, o presidente dos EUA, Joe Biden, afrouxou algumas restrições ao uso de armas norte-americanas, permitindo que elas fossem usadas para atingir alvos militares dentro da Rússia, apoiando uma ofensiva contra a cidade de Kharkiv, no nordeste da Ucrânia.
PALAVRAS IRRITADAS DA CHINA
A declaração da Otan de quarta-feira também incluiu palavras duras sobre a China, chamando-a de "facilitadora decisiva" do esforço de guerra da Rússia na Ucrânia, e disse que Pequim continua a representar desafios sistêmicos para a Europa e para a segurança.
O Ministério das Relações Exteriores da China disse que a declaração era tendenciosa e "semeava discórdia", e sua missão na União Europeia a descreveu como "cheia de mentalidade da Guerra Fria e retórica beligerante, e conteúdo relacionado à China cheio de provocações, mentiras, incitação e difamações".
A Hungria, membro da Otan, disse antes de uma reunião dos 32 países da Otan com os parceiros dos chamados Quatro do Indo-Pacífico (IP-4) -- Austrália, Japão, Nova Zelândia e Coreia do Sul -- que não quer que a Otan se torne um bloco "anti-China" e que não a apoiará nesse sentido.