Por Natalia Zinets e Max Hunder
KIEV (Reuters) - A Ucrânia prosseguiu no domingo com esforços para retomar as exportações de grãos de seus portos do Mar Negro sob um acordo destinado a aliviar a escassez global de alimentos, mas alertou que as entregas seriam prejudicadas se um ataque de mísseis russos em Odessa for o primeiro de outros.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, denunciou o ataque de sábado como uma "barbárie" que mostrou que não se pode confiar em Moscou para implementar um acordo selado apenas um dia antes com mediação da Turquia e da ONU.
Militares ucranianos, citados pela emissora pública Suspilne, disseram que os mísseis russos não atingiram a área de armazenamento de grãos do porto nem causaram danos significativos. Kiev disse que os preparativos para retomar os embarques de grãos estão em andamento.
"Continuamos os preparativos técnicos para o lançamento das exportações de produtos agrícolas de nossos portos", disse o ministro da Infraestrutura, Oleksandr Kubrakov, em um post no Facebook (NASDAQ:META).
Segundo os militares ucranianos, dois mísseis Kalibr disparados de navios de guerra russos atingiram a área de uma estação de bombeamento no porto e outros dois foram abatidos pelas forças de defesa aérea.
A Rússia disse no domingo que suas forças atingiram um navio de guerra ucraniano e um armazém de armamentos em Odessa com seus mísseis de alta precisão.
O acordo assinado por Moscou e Kiev na sexta-feira foi saudado como um avanço diplomático que ajudaria a conter a disparada global dos preços dos alimentos, restaurando os embarques de grãos ucranianos para 5 milhões de toneladas por mês, nível anterior à guerra.
Mas o assessor econômico de Zelenskiy alertou no domingo que o ataque a Odessa sinalizava que isso poderia estar fora de alcance.
Oleh Ustenko disse que a Ucrânia pode exportar 60 milhões de toneladas de grãos nos próximos nove meses, mas caso as operações de seus portos sejam afetadas, isso levaria até 24 meses.