JERUSALÉM (Reuters) - A delegação da União Europeia em Israel cancelou nesta segunda-feira sua recepção diplomática do Dia da Europa devido à planejada participação do ministro israelense de extrema direita Itamar Ben-Gvir, que criticou a decisão como uma forma de "silenciamento".
"Lamentavelmente, este ano decidimos cancelar a recepção diplomática, pois não queremos oferecer uma plataforma a alguém cujas opiniões contradizem os valores que a UE defende", disse a delegação em comunicado.
O bloco europeu marca o dia 9 de maio como o "Dia da Europa", em homenagem a uma declaração francesa de 1950 que levou à fundação do órgão que se tornou a UE. O ministro da Segurança Nacional, Ben-Gvir, foi escolhido para representar o governo israelense na recepção deste ano.
A reação da UE, no entanto, destaca os transtornos diplomáticos enfrentados pela coalizão religiosa-nacionalista liderada pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cuja aliança com Ben-Gvir e o líder pró-assentamento Bezalel Smotrich causou desconforto até mesmo entre os aliados internacionais de Israel.
Ben-Gvir, chefe do partido de extrema direita Poder Judaico, foi condenado em 2007 por incitação racista contra árabes e por apoiar um grupo considerado por Israel e pelos Estados Unidos uma organização terrorista.
"É uma pena que a União Europeia, que afirma representar os valores da democracia e do multiculturalismo, esteja envolvida em um silenciamento não diplomático", disse Ben-Gvir em um comunicado.
O próprio Netanyahu ainda espera um convite para visitar Washington, e o líder da oposição, Yair Lapid, acusou o governo de "provocar brigas desnecessárias".
Alguns grupos israelenses de direitos humanos que disseram ter sido convidados a participar do evento emitiram um comunicado apoiando seu cancelamento.