Por Philip Blenkinsop
BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia adotará imediatamente o controle alfandegário e taxas de importação no caso de um Brexit sem acordo, erguendo barreiras às exportações britânicas, que vão de carros a produtos agrícolas, e impedindo que consumidores levem ao bloco queijo ou carne britânicos.
Pierre Moscovici, comissário de impostos e assuntos econômicos da UE, disse em uma entrevista coletiva nesta quarta-feira que todos os 27 membros restantes da UE concordaram que controles alfandegários teriam de ser postos em prática para as mercadorias recebidas assim que o Reino Unido deixar o bloco.
"O cenário à beira do abismo, que novamente não é aquele que prevemos ou desejamos, criaria grandes rupturas", disse ele. "Devemos esperar que haja filas na saída do túnel e nos portos."
Moscovici afirmou que mais de 11 mil veículos de carga usaram balsas entre Dover e Calais ou usaram o túnel do Canal da Mancha diariamente, embora ele reconheça que nem todos seriam verificados.
O comissário disse que as empresas da UE que negociam com o Reino Unido precisam estar prontas para os custos adicionais e a burocracia à medida que os controles alfandegários aumentarem, enquanto os viajantes também estarão sujeitos a mais verificações.
Viajantes individuais que partem do Reino Unido em direção à UE seriam limitados à posse de, no máximo, 430 euros em bens e não poderiam levar produtos britânicos de origem animal, como queijo ou salsichas.
Os produtores ainda poderiam exportá-los se o Reino Unido, como esperado, aprovar leis para cumprir as regras sanitárias da UE. No entanto, as mercadorias estariam sujeitas a direitos de importação; no caso dos carros, isso seria 10 por cento.
IRLANDA
Acerca do tópico mais sensível, a fronteira irlandesa, Moscovici evitou dar uma resposta clara.
Como o Reino Unido manifestou o desejo de deixar a união alfandegária da UE quando a separação ocorrer, o bloco diz que os controles sobre animais e bens precisarão ocorrer na fronteira terrestre entre a Irlanda, membro da UE, e a província britânica da Irlanda do Norte.
Todavia, tanto Londres quanto a UE querem evitar a implementação de infraestrutura de fronteira, temendo que ela se torne alvo de violência e prejudique a paz na província, que passou por três décadas de violência sectária no final do século passado.
Moscovici disse que tanto a UE quanto o Reino Unido precisarão fazer verificações para proteger seus mercados.
"Estamos trabalhando de perto e intensamente com a Irlanda para organizar esses controles do modo menos perturbador possível e, tanto quanto possível, longe da fronteira."