Por Jonathan Allen
NOVA YORK (Reuters) - Ainda faltam alguns dias para o início do ano letivo, mas estudantes já fizeram um retorno barulhento ao campus de Nova York da Universidade de Columbia, epicentro de um movimento de protestos pró-Palestina que se espalhou por instituições de ensino dos Estados Unidos neste ano.
Com apitos e tambores, panelas e frigideiras, cerca de 50 manifestantes marcharam na calçada em frente ao campus na noite de domingo, entoando cantos favoráveis à causa palestina. Um drone do Departamento de Polícia de Nova York os observava de cima.
Dentro dos portões, mais de mil calouros da graduação se juntaram para uma convocação. A Dra. Katrina Armstrong, nova presidente interina da universidade, discursou em meio ao barulho dos manifestantes, mostrando aos novos alunos sua visão do campus como um lugar de debate aberto, em que ninguém deve se sentir excluído.
Os administradores de Columbia esperam evitar uma repetição dos protestos que agitaram a instituição neste ano e culminaram em centenas de policiais invadindo o campus em abril para prender mais de 30 estudantes que se trancaram dentro de um edifício acadêmico.
Desde aquela época, diferentes administrações de universidades nos EUA lutam para que acampamentos inspirados no de Columbia não se espalhem pelos campi, trazendo também as manifestações pró-Israel.
“Efetivamente, gerir protestos e manifestações nos permite avançar nas nossas missões educacional e de pesquisa, garantindo a liberdade de expressão e o debate”, afirmou Armstrong em e-mail enviado a todo o campus na semana passada. Ela é a reitora da faculdade de Medicina.
Armstrong se tornou a líder interina da universidade desde que Minouche Shafik renunciou como presidente neste mês em meio a críticas sobre como ela enfrentou os protestos.
As manifestações pró-palestinas foram lideradas pela Columbia University Apartheid Divest (CUAD), uma coalizão estudantil que pressiona a instituição a encerrar seus investimentos em fabricantes de armamentos e outras empresas que apoiam a ocupação israelense nos territórios palestinos.
Mediadores não obtiveram sucesso na tentativa de retomar as negociações entre a universidade e a CUAD, segundo Mahmoud Khalil, um estudante palestino que é um dos principais negociadores da coalizão.
“A universidade deveria na verdade lidar com os estudantes como se fossem estudantes, não como uma ameaça à Columbia e à marca Columbia”, disse.
A universidade se negou a dar entrevistas, e um porta-voz também rejeitou responder a perguntas sobre as negociações com a CUAD.
Com funcionários e estudantes retornando a Columbia antes da volta às aulas, na terça-feira, alguns já notaram novas restrições e outras mudanças no campus.
Os gramados do sul, que estavam cheios de barracas amarelas, agora mostram o seu verde, e agentes públicos de segurança guardam as entradas. Há novas placas informando que acampar é proibido.
Os portões do campus, que ficaram abertos por décadas para a cidade que os cerca, agora estão fechados, devido a um novo sistema que restringe o acesso de pessoas. Guardas permitem a entrada apenas daqueles com uma identificação da universidade, além de visitantes pré-registrados.