Por Eyanir Chinea
CARACAS (Reuters) - Embora as ruas do rico leste da capital venezuelana de Caracas tenham transbordado de manifestantes durante uma recente marcha anti-governo, ninguém se manifestou na favela 23 de Enero, no lado oeste.
Moradores do bairro pobre, ao invés disso, observaram de suas janelas e calçadas à medida que grupos de homens armados, vestidos de preto e usando balaclavas, pilotavam motos pelas ruas.
A oposição venezuelana classifica tais exibições de força dos chamados grupos coletivos como uma tática de intimidação para prevenir protestos nas comunidades mais pobres do oeste de Caracas, reduto do governo socialista.
Em face de tais ameaças, moradores da favela opostos ao impopular líder socialista da Venezuela estão se organizando atrás de portas fechadas. Eles realizam encontros discretos em apartamentos ou oferecem serviços sociais para aqueles que sofrem com a brutal crise econômica no país.
Eles dizem que ganhar o apoio dos mais pobres, tradicionalmente pró-governo, pode se provar um ponto de vantagem para a oposição, que busca eleições gerais, liberdade para ativistas presos e autonomia para a Assembleia Nacional, liderada pela oposição.
“À medida que estes grupos armados estão nos ameaçando aqui, apoiadores da oposição devem se expressar na clandestinidade”, disse Celia Fernandez, uma ativista do partido de oposição linha-dura Vontade Popular e moradora da 23 de Enero.
“Como fazemos política? Nós chamamos isto de ‘tomar um café’. Nós visitamos até 40 casas por dia”, disse. “É assim que nos organizamos para irmos a marchas ou batermos panelas à noite, que você precisa fazer com as luzes apagadas porque eles podem atirar contra você ou ameaçar sua família”.