Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O Vaticano expressou nesta terça-feira preocupação com os resultados da eleição nacional da Itália, que mostraram um grande avanço de partidos populistas e anti-imigrantes.
Os grandes vencedores foram a Liga – maior partido de um agrupamento de centro-direita que utilizou a retórica anti-imigração mais incendiária durante a campanha – e o anti-establishment Movimento 5 Estrelas.
O cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, foi indagado nos bastidores de uma conferência sobre imigração se a Santa Sé está preocupada com os resultados.
"A Santa Sé tem que trabalhar em quaisquer condições que surjam. Não podemos (sempre) ter a sociedade que gostaríamos de ter, ou as condições que gostaríamos de ter", disse ele à agência de notícias católica SIR.
Foi a primeira reação pública do Vaticano à votação e a de maior peso, porque Parolin, seu principal diplomata, só está abaixo do papa Francisco na hierarquia da Santa Sé.
Durante a campanha o líder da Liga, Matteo Salvini, se desentendeu com o papa várias vezes no quesito imigração.
Francisco, que nasceu na Argentina e vem de uma família de imigrantes italianos, tem defendido a causa imigrante desde que tomou posse em 2013.
No ano passado ele pediu uma mudança radical na atitude em relação aos imigrantes, dizendo que eles deveriam ser acolhidos com dignidade e denunciando a "retórica populista" que afirmou estar alimentando o medo e o egoísmo em países ricos.
A centro-direita prometeu deportar centenas de milhares de imigrantes se conseguir formar um governo.