Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O Vaticano ofereceu nesta sexta-feira mediação entre Israel e militantes palestinos para a libertação de reféns em Gaza e facilitar a paz, mas disse que a resposta israelense ao ataque "desumano" do Hamas tem que respeitar a "proporcionalidade".
As Forças Armadas de Israel pediram na sexta-feira que todos os civis da Cidade de Gaza, com mais de 1 milhão de habitantes, se mudem para o sul dentro de 24 horas, enquanto reuniam tanques para uma esperada invasão em resposta a um ataque devastador de 7 de outubro pelo grupo militante Hamas.
Em uma entrevista à mídia do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, disse que a Santa Sé continua firmemente convencida de que uma solução de dois Estados é a única maneira de garantir uma paz duradoura na região.
"A libertação dos reféns israelenses e a proteção de vidas inocentes em Gaza estão no centro do problema criado pelo ataque do Hamas e a resposta do Exército israelense", afirmou Parolin, que é o principal diplomata do Vaticano e o número dois depois do papa Francisco na hierarquia da Santa Sé.
"Eles estão no centro de todas as nossas preocupações: o papa e toda a comunidade internacional. A Santa Sé está pronta para qualquer mediação necessária, como sempre", disse ele.
Parolin acrescentou: "É necessário recuperar o senso de razão, abandonar a lógica cega do ódio e rejeitar a violência como solução. Aqueles que são atacados têm o direito de se defender, mas mesmo a defesa legítima precisa respeitar o parâmetro da proporcionalidade."
Mais de 1.500 palestinos foram mortos em ataques aéreos e de artilharia israelenses de retaliação desde o surpreendente ataque transfronteiriço do Hamas que matou mais de 1.300 pessoas, a maioria civis em cidades próximas e kibutzes.
Parolin pediu conversações diretas entre Israel e o Hamas para "evitar mais derramamento de sangue, como está acontecendo em Gaza, onde muitas vítimas civis inocentes foram causadas pelos ataques do Exército israelense".
Qualquer solução duradoura, disse Parolin na entrevista, teria que levar em consideração os assentamentos israelenses no território ocupado e o status de Jerusalém. Israel diz que a cidade é sua "capital unida e eterna", mas os palestinos veem a parte oriental da cidade como a capital de um futuro Estado.
A embaixada israelense no Vaticano informou que Parolin fez uma visita à missão na manhã de sexta-feira para expressar seus "profundos sentimentos de dor e solidariedade" sobre os ataques do Hamas.
(Reportagem adicional de Alvise Armellini)