Por Philip Pullella
CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O papa Francisco lançou uma campanha global da Igreja Católica nesta quarta-feira para amparar os imigrantes, e um de seus principais cardeais exortou políticos a "tocarem a mão de um imigrante" antes de tentarem rotulá-los.
A campanha de dois anos "Compartilhe a Jornada" chega em um momento de sentimento anti-imigrante crescente nos Estados Unidos e em muitos países europeus nos quais partidos de extrema-direita vêm ganhando terreno.
No domingo o partido anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão) ficou em terceiro lugar em uma eleição nacional, explorando a insatisfação pública com a chegada de mais de um milhão de imigrantes ao país nos últimos dois anos.
O papa, que fez da defesa dos imigrantes um dos pilares de seu pontificado, deu início à campanha com comentários dirigidos a dezenas de milhares de pessoas presentes na Praça São Pedro para sua audiência semanal, exortando os católicos de todo o mundo a serem "abertos, inclusivos e acolhedores".
O partido italiano anti-imigrante Liga Norte prometeu conter a imigração vinda de países em desenvolvimento se chegar ao poder em um governo de coalizão nas eleições do ano que vem.
Em uma coletiva de imprensa no Vaticano, o cardeal Luis Antonio Tagle, de Manila, clamou por uma "cultura de encontro pessoal" na qual a amizade suplante o medo.
"Eu incentivaria os líderes a conhecerem um imigrante, tocarem a mão de um imigrante, cheirarem um imigrante, ouvirem suas histórias, e verão que eles são como vocês e eu", disse.
"Eles não são 'o outro'. Poderiam ser eu. Poderiam ser meu irmão, minha irmã, meus pais", disse Tagle, cujo avô trocou a China pelas Filipinas na infância para fugir da pobreza.
A nova campanha de "ação e conscientização" está sendo comandada pela Caritas Internationalis, grupo que congrega instituições da caridade católicas.
A "Compartilhe a Jornada" incentiva comunidades locais a facilitarem encontros entre imigrantes e aqueles que os temem ou denigrem em átrios de igrejas e casas particulares.
"Olhem para eles nos olhos, ouçam por que deixaram seus lares, como foi sua jornada, vejam as pessoas reais por trás dos números e das histórias assustadoras", convidou Tagle.