Por Idrees Ali e Jonathan Landay
WASHINGTON (Reuters) - A comunidade de segurança nacional dos Estados Unidos está enfrentando as consequências da divulgação de dezenas de documentos secretos, incluindo impacto do compartilhamento de informações confidenciais dentro do governo e nos laços com outros países, disseram duas autoridades dos EUA.
A Reuters revisou mais de 50 desses documentos, rotulados como "Secret" e "Top Secret", que apareceram pela primeira vez em sites de mídia social no início de março e supostamente revelam detalhes das vulnerabilidades militares ucranianas e informações sobre aliados, incluindo Israel, Coreia do Sul e Turquia. O material não chamou muita atenção até um artigo do New York Times na sexta-feira.
A Reuters não verificou de forma independente a autenticidade dos documentos. Autoridades dos EUA disseram que algumas estimativas de baixas no campo de batalha da Ucrânia parecem ter sido alteradas para subestimar as perdas russas.
O vazamento foi tão alarmante dentro do Pentágono que o assunto foi encaminhado ao Departamento de Justiça, que abriu uma investigação criminal sobre a divulgação dos documentos.
Duas autoridades de defesa dos EUA, falando sob condição de anonimato devido à sensibilidade do assunto, disseram que o Pentágono está examinando os procedimentos sobre a extensão do compartilhamento de alguns dos segredos mais delicados dos EUA.
Alguns dos documentos, afirmou uma das autoridades, provavelmente estariam disponíveis para milhares de pessoas com autorizações de segurança dos EUA e de governos aliados, apesar de serem altamente confidenciais, já que as informações afetam diretamente esses países.
O Pentágono disse no domingo em comunicado que um esforço interagências estava avaliando o impacto que os documentos poderiam ter na segurança nacional dos EUA, bem como na de aliados norte-americanos próximos, um procedimento padrão conhecido como "avaliação de danos" para vazamentos de informações sigilosas.
A primeira fonte disse que o número de pessoas que tiveram acesso aos documentos ressalta que informações confidenciais talvez estivessem sendo muito compartilhadas com funcionários que poderiam não exigir o nível de detalhamento de alguns dos documentos.
"O Pentágono precisou restringir o acesso desenfreado a algumas das informações mais sensíveis quando eles (não têm) nenhuma razão justificável para tê-las", declarou a primeira fonte.
As duas autoridades disseram ainda que, embora os vazamentos fossem altamente preocupantes, muitos deles forneciam apenas trechos de fevereiro e março - quando eram datados - mas não pareciam revelar nada sobre operações futuras.
Embora a divulgação de documentos pareça ser o vazamento público mais grave de informações sigilosas em anos, as autoridades dizem que até agora não atinge a escala e o escopo dos 700.000 documentos, vídeos e telegramas diplomáticos que apareceram no site do WikiLeaks em 2013.