CARACAS (Reuters) - O apresentador mexicano Jorge Ramos, da rede de televisão norte-americana em espanhol Univision, disse nesta terça-feira que foi deportado da Venezuela junto com sua equipe de colaboradores, depois de ser detido temporariamente pelo governo após entrevista polêmica com o presidente Nicolás Maduro.
O jornalista foi detido dentro do Palácio de Miraflores, onde esteve na tarde de segunda-feira para entrevistar Maduro. Ramos disse à Univision que foi liberado após algumas horas, mas que seus equipamentos foram confiscados. Ele exige a devolução do material gravado.
Junto com sete colaboradores, Ramos partiu cedo de um hotel no leste de Caracas, escoltado por agentes do serviço de inteligência venezuelano, rumo ao aeroporto internacional Simón Bolívar, onde chegou pouco depois para decolar por volta do meio-dia (horário local), segundo testemunhas da Reuters.
“Não nos deram uma razão” para a deportação, disse Ramos a jornalistas ao chegar ao aeroporto. “Só nos disseram ontem à noite que tínhamos sido expulsos do país.”
O incidente acontece no momento em que Maduro sofre forte pressão internacional, após ser declarado usurpador da Presidência pelo Congresso, por ter sido reeleito em uma eleição questionada.
Ramos disse em entrevista ao canal mexicano Televisa que o presidente se irritou quando lhe foram mostradas imagens da situação do país.
O Ministério da Comunicação não respondeu a um pedido por comentário feito pela Reuters.
Embora não tenha se referido diretamente ao episódio, o ministro da Comunicação da Venezuela, Jorge Rodríguez, disse na noite de segunda-feira em publicação no Twitter que muitos jornalistas passaram por Miraflores e fizeram seu trabalho sem problemas, acrescentando: “Não nos prestamos a shows baratos.”
(Reportagem de Carlos García e Carlos Carrillo)