A Venezuela rompeu relações diplomáticas com o Peru, disse na 3ª feira (30.jul.2024) o chanceler venezuelano Yván Gil. A decisão ocorre depois de o governo peruano ter reconhecido Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro), candidato da oposição a Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda), como presidente da Venezuela.
“O Governo da República Bolivariana da Venezuela decidiu romper relações diplomáticas com a República do Peru”, escreveu Gil no X (ex-Twitter). “Somos obrigados a tomar esta decisão depois das declarações temerárias do chanceler peruano, que ignoram a vontade do povo venezuelano e a nossa Constituição”, completou.
O Ministério das Relações Exteriores do Peru afirmou na 3ª feira (30.jul) que reconhece Edmundo González como o presidente eleito. A nota foi divulgada pela emissora estatal do país, a TV Peru.
“Esta posição é partilhada por vários países, governos e organizações internacionais”, disse o ministro, Javier González Olaechea.
O anúncio foi feito 2 dias depois da vitória, segundo o CNE (Conselho Nacional Eleitoral), de Maduro. Olaechea, entretanto, chamou a reeleição de “fraude eleitoral” para se perpetuar no poder.
O chanceler informou que enviou uma mensagem à líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, transmitindo a solidariedade do governo peruano a ela e a Edmundo González.
O ministro confirmou sua viagem a Washington (EUA) para participar da reunião da OEA (Organização dos Estados Americanos), onde será discutida a questão da Venezuela. O país tem sido palco de diversos protestos desde o resultado das eleições.
Levantamento do Poder360 mostra que até esta 3ª feira (30.jul) ao menos 12 países reconheceram a reeleição do presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda). Dentre esses, estão aqueles com regimes considerados autoritários, como Belarus, Irã e Qatar.
Já ao menos 18 países e a UE (União Europeia) disseram não reconhecer a legitimidade da vitória do chavista e questionam a lisura do processo eleitoral do pleito, realizado no domingo (28.jul).
NICOLÁS MADURO
O presidente da República Bolivariana da Venezuela, Nicolás Maduro Moros, 60 anos, comanda um regime autocrático e sem garantias de liberdades fundamentais. Mantém, por exemplo, pessoas presas pelo que considera “crimes políticos”.
Há também restrições descritas em relatórios da OEA (sobre a “nomeação ilegítima” do Conselho Nacional Eleitoral por uma Assembleia Nacional ilegítima) e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (de outubro de 2022, de novembro de 2022 e de março de 2023).