CARACAS (Reuters) - A Venezuela informou nesta quarta-feira que vai se retirar da Organização dos Estados Americanos (OEA), aprofundando o afastamento diplomático do país socialista, que já está isolado com a mudança da América Latina para a direita.
Os críticos do presidente Nicolás Maduro afirmam que a Venezuela pode ser expulsa do grupo, acusando seu governo de minar a democracia ao adiar eleições e se recusar a respeitar o Congresso liderado pela oposição.
A Venezuela disse que a decisão de deixar a OEA foi uma resposta a uma campanha apoiada pelos Estados Unidos contra o Partido Socialista que visa esmagar a soberania do país sul-americano, principal adversário ideológico dos EUA na região.
"Amanhã, como ordenou o presidente Nicolás Maduro, vamos apresentar uma carta de renúncia à Organização dos Estados Americanos, e vamos iniciar um procedimento que levará 24 meses", disse a ministra das Relações Exteriores, Delcy Rodríguez, em uma declaração televisionada.
O anúncio ocorre depois que a OEA concordou, nesta quarta-feira, em realizar uma reunião de chanceleres para discutir a situação na Venezuela. Maduro havia alertado na terça-feira que a Venezuela deixaria o grupo se a reunião fosse convocada.
A decisão amplia a caminhada da Venezuela para os limites da diplomacia internacional. Mas a influência limitada da OEA significa que a saída terá poucas implicações econômicas para a nação da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que já está sofrendo com uma inflação de três dígitos, escassez crônica de produtos e uma recessão paralisante.
A OEA, uma vez dominada por influentes governos de esquerda de países como a Argentina e o Brasil, se choca há meses com a Venezuela. Mudanças recentes nos governos de ambos os países colocaram no poder líderes abertamente hostis a Maduro.
O chefe da OEA, Luis Almagro, já disse que a Venezuela deveria ser suspensa se não realizasse eleições gerais "o mais rápido possível".
(Reportagem de Brian Ellsworth)