Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - A Rússia sinalizou nesta terça-feira o fim de uma longa operação humanitária da Organização das Nações Unidas na Turquia, que oferecia ajuda a 4 milhões de pessoas no noroeste da Síria controlado por rebeldes, depois de ter vetado uma renovação de autorização de nove meses no Conselho de Segurança da ONU.
A Rússia então fracassou em sua própria tentativa de extensão por seis meses da operação, que tem fornecido ajuda humanitária incluindo alimentos, remédios e abrigo desde 2014. A aprovação do Conselho de Segurança para entregas de auxílio expirou na segunda-feira.
O embaixador da Rússia na ONU, Vassily Nebenzia, sugeriu que o mandato do conselho para a operação de ajuda não poderia ser preservado.
Depois do veto e antes da votação do conselho sobre a proposta de seis meses da Rússia, Nebenzia disse: "Se nosso projeto não for apoiado, podemos simplesmente encerrar o mecanismo transfronteiriço.
"O prolongamento técnico, por qualquer período de tempo, não vamos aceitar", acrescentou.
A embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, disse que os Estados Unidos continuarão a trabalhar com todos os membros do conselho para renovar a operação de ajuda e instou a Rússia a reconsiderar sua posição.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, tem pressionado por uma renovação de 12 meses.
Guterres ficou desapontado com o fato de o conselho não ter chegado a um acordo e pediu aos membros "que redobrem seus esforços para apoiar a entrega contínua de assistência transfronteiriça a milhões de pessoas em extrema necessidade no noroeste da Síria pelo período mais longo possível", disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
A autorização é necessária porque o governo sírio em Damasco, que tem laços estreitos com Moscou, não concordou com a operação da ONU por motivos de soberania. Os votos do Conselho de Segurança sobre o assunto há muito são controversos: tanto em 2022 quanto em 2020, o mandato expirou apenas para ser renovado um dia depois.
O Conselho de Segurança autorizou inicialmente entregas de ajuda humanitária em 2014 em áreas controladas pela oposição na Síria a partir do Iraque, Jordânia e dois pontos na Turquia. Mas a Rússia e a China reduziram isso a apenas um ponto de fronteira turco.
Grupos de ajuda lamentaram o impasse do Conselho de Segurança.
A Rússia e a Síria argumentam que a operação de ajuda viola a soberania e a integridade territorial da Síria. Eles dizem que mais ajuda deveria ser entregue de dentro do país, aumentando o temor da oposição de que alimentos e outros itens de auxílio possam cair sob o controle do governo.
Depois que um terremoto matou mais de 50.000 pessoas na Turquia e na Síria em fevereiro, o presidente sírio, Bashar al-Assad, permitiu que as Nações Unidas usassem mais duas passagens de fronteira da Turquia para enviar ajuda. Essa aprovação expira em 13 de agosto.
(Reportagem de Michelle Nichols)