Violento e excêntrico, narcotraficante El Chapo é condenado em tribunal dos EUA

Publicado 12.02.2019, 20:00
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Por Jonathan Stempel e Tina Bellon

NOVA YORK (Reuters) - O narcotraficante mais infame do mundo, Joaquín "El Chapo" Guzmán, que saiu da pobreza numa zona rural do México para ganhar bilhões de dólares, foi considerado culpado num tribunal norte-americano nesta terça-feira de traficar toneladas de drogas para os Estados Unidos durante uma violenta e excêntrica carreira de décadas.

O júri de uma corte federal no Brooklyn condenou Guzmán, de 61 anos e chefe do Cartel de Sinaloa, em todas as 10 acusações apresentadas por procuradores norte-americanos.

Richard Donoghue, procurador do distrito leste de Nova York, disse acreditar que Guzmán será condenado à prisão perpétua sem direito à liberdade condicional quando for sentenciado em 25 de junho.

"É uma sentença da qual não há nenhuma fuga e nenhum retorno", disse Donoghue a repórteres.

Mais de 250 mil assassinatos foram registrados no México desde que o governo lançou uma guerra contra cartéis em 2006, quando Guzmán e suas proezas se tornaram quase lendários. Cerca de 150 mil dessas mortes foram relacionadas ao crime organizado.

Guzmán conduziu duas fugas dramáticas de prisões de alta segurança no México e cultivou uma imagem de Robin Hood entre os moradores mais pobres de seu Estado natal, Sinaloa.

Guzmán permaneceu sentado e não demonstrou nenhuma emoção enquanto o veredito era lido. Após o júri deixar o tribunal, ele e sua mulher, Emma Coronel, colocaram as mãos sobre os peitos e fizeram com o polegar sinal de que estava tudo bem. Emma chorou.

Guzmán, cujo apelido significa baixinho, foi extraditado para julgamento nos EUA em 2017, após ser preso no México um ano antes.

Embora outras figuras de destaque de cartéis já tivessem sido extraditadas anteriormente, Guzmán foi o primeiro a ir a julgamento em vez de se declarar culpado.

O julgamento de 11 semanas, com depoimentos de mais de 50 testemunhas, deu um vislumbre sem precedentes do funcionamento interno do Cartel de Sinaloa, uma referência ao Estado do México onde Guzmán nasceu em um pobre vilarejo de montanha.

O governo dos EUA disse que Guzmán traficou toneladas de cocaína, heroína, maconha e metanfetamina para os Estados Unidos durante mais de duas décadas, consolidando seu poder no México através de assassinatos e guerras com cartéis rivais.

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As proezas de Guzmán, a violência que aplicava e o simples tamanho de seus negócios ilegais, fizeram de El Chapo o narcotraficante mais notório do mundo desde o colombiano Pablo Escobar, que foi morto a tiros pela polícia em 1993.

Jeffrey Lichtman, um dos advogados de Guzmán, disse a repórteres após o veredito que a defesa enfrentou uma luta árdua, dada a quantidade de evidências apresentada pelo governo norte-americano e a ampla percepção de que Guzmán era culpado.

"Esse foi um caso que foi literalmente uma avalanche, uma avalanche de evidências", disse Lichtman. "Claro que vamos recorrer".

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