Por Maayan Lubell
JERUSALÉM (Reuters) - Palestinos que atiravam pedras entraram em confronto com soldados israelenses na Cisjordânia ocupada e na Faixa de Gaza durante protestos do "Dia da Fúria" nesta sexta-feira, enquanto que diplomatas tentavam concluir mais de três semanas de violência.
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, afirmou que está cautelosamente otimista de que há uma maneira de diminuir as tensões, depois de ter uma reunião de quatro horas com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em Berlim, na quinta-feira.
Nesta sexta-feira, as autoridades israelenses também suspenderam as restrições que impediam homens com menos de 40 anos de usar o complexo da mesquita de al-Aqsa em Jerusalém, medida vista como uma tentativa de acalmar a revolta muçulmana.
A polícia afirmou que as orações no local terminaram de forma calma. No entanto, na Cisjordânia e em Gaza, autoridades médicas palestinas afirmaram que 45 pessoas foram feridas por tiros, incluindo uma de 13 anos de forma grave, perto de Ramallah, e três fotógrafos perto da fronteira de Gaza.
Militares israelenses afirmaram que não tinham conhecimento de que jornalistas haviam sido machucados e que os soldados dispararam tiros de alerta para o ar, antes de atirar em instigadores que tentavam passar pela cerca de segurança de Gaza.
Mais cedo, um palestino de 16 anos esfaqueou e feriu um soldado israelense na Cisjordânia, antes de ser baleado e ferido por outros militares, disse o Exército de Israel.
Uma das piores ondas de violência de rua em anos foi iniciada em parte pela ira palestina com o que eles veem como uma invasão judaica ao complexo da mesquita, o terceiro local mais sagrado do Islã e também reverenciado pelos judeus como o local de dois templos antigos.
Os palestinos também estão frustrados com o fracasso de várias negociações de paz para assegurar um Estado independente no leste de Jerusalém, Cisjordânia e Gaza, territórios capturados por Israel na guerra de 1967.
A última rodada de negociações fracassou em 2014.
Mais de 50 palestinos, metade deles agressores, foram mortos a tiros por israelenses na cena dos ataques ou durante os protestos na Cisjordânia e em Gaza desde 1 de outubro. Nove israelenses foram esfaqueados ou mortos a tiros por palestinos.
Os mediadores do Quarteto do Oriente Médio se encontraram em Viena nesta sexta-feira para pedir que os líderes dos dois lados suavizem a retórica e acalmem as tensões.
Um comunicado depois do encontro, que teve a presença de Kerry, do ministro do Exterior russo, Sergei Lavrov, da responsável pela política externa da União Europeia, Federica Mogherini, e do coordenador da Organização das Nações Unidas para o Oriente Médio, Nickolay Mladenov, pede que Israel "trabalhe junto com a Jordânia para manter o status quo de lugares sagrados em Jerusalém tanto no discurso quanto na prática".
(Reportagem de Maayan Lubell, de Ali Sawafta, em Ramallah; de Nidal al-Mughrabi, em Gaza; e de Shadia Nasralla, em Viena)