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Por Terray Sylvester
18 Mai (Reuters) - O espetáculo provocado pela erupção do vulcão Kilauea, no Havaí, desafia os fotógrafos que registram o raro acontecimento a não ficarem hipnotizados e, em vez disso, observarem as consequências humanas dos rios de lava, nuvens de cinzas e gases venenosos.
Desde que o Kilauea entrou em erupção, em 3 de maio, muitos moradores do distrito de Puna, na maior ilha do Havaí, desapareceram, mesmo quando algumas estradas foram bloqueadas por fluxos de lava e rachaduras no solo expelindo lava derretida.
Os fluxos de lava não são novos para Puna, mas o surgimento das fissuras com lava é inédito em comunidades como Leilani Estates e Lanipuna Gardens, que foram duramente atingidas.
Para obter um panorama mais amplo, no dia 13 de maio embarquei em um helicóptero no aeroporto de Hilo, a cerca de 40 quilômetros de Leilani Estates, e sobrevoei a área mais ativa da erupção.
Por volta das 6h da manhã, estávamos voando a 4.000 pés, observando a 17ª fissura aberta nesta erupção.
A rachadura havia surgido há poucas horas e já tinha cerca de 300 metros de comprimento e lançava lava a várias centenas de metros de altura. Era em uma área pouco povoada a leste de Leilani Estates.
Ainda assim, do helicóptero eu pude ver pelo menos duas casas a cerca de 1,5 quilômetro da lava.
No dia seguinte, o dono de uma delas me convidou a visitar a propriedade no topo da colina, a cerca de quatrocentos metros acima da fissura. Ele estava com vários amigos, observando o espetáculo de uma varanda do segundo andar. A fissura não parecia representar um perigo imediato, mas explosões frequentes causavam estremecimentos em sua casa.
O barulho dessas explosões era alto o suficiente para que tivéssemos que gritar para nos comunicarmos. Ele parecia cansado, nervoso pelas explosões constantes. Ele disse que só queria que acabasse.
Um caseiro e sua família estavam em uma casa muito mais perto da fissura, que lançava rochas para o alto.
Eu vi pedaços de lava caírem em um gramado e atingirem um telhado de metal. Um pedaço de lava caiu em uma árvore, que brilhou em vermelho como um enfeite de Natal.
Pedaços de lava que caem do céu esfriam rapidamente. Uma moradora local, Jolon Clinton, de 15 anos, disse que uma pedra de lava do tamanho de uma bola de golfe atingiu sua perna. Queimou de leve sua roupa, mas ela limpou antes que sua pele queimasse.
Uma nuvem intensa de fumaça também fez com que as pessoas se mudassem. Em um abrigo da Cruz Vermelha em Pahoa, Linda Dee Souza, de 72 anos, cuidava de seus papagaios africanos, Clucky e Mary Magdalene, com quem ela fugiu de sua casa na comunidade costeira de Kalapana por causa da fumaça perigosa de dióxido de enxofre.
Ela foi uma das centenas de pessoas que deixaram a região de Puna Inferior devido à fumaça e ao risco de que as estradas para suas casas fossem bloqueadas.
Em 14 de maio, a Cratera Halemaumau, perto do cume do Kilauea, lançou imponentes colunas de cinzas. O Parque Nacional dos Vulcões do Havaí, onde o Kilauea está localizado, está fechado por causa da atividade.
Eu dirigi em direção à Halemaumau e me juntei a pessoas ao longo das margens da Highway 11, e depois em um campo de golfe em uma comunidade chamada Volcano.
Eu estava no campo de golfe quando, pouco antes do pôr-do-sol, uma enorme coluna de cinzas emergiu. Surpreendentemente, achei o evento pacífico. Não ouvi nenhuma explosão. O chão não tremeu. Pássaros estavam cantando.
Turistas, moradores e jornalistas ao meu redor pareciam em choque.
Constantin Plinke, um estudante de intercâmbio alemão, me disse: “Nós tínhamos uma lista grande de coisas para fazer e talvez 80 por cento delas estivessem no parque nacional. É triste."
Então, notando a raridade do evento, ele acrescentou: "Você pode nunca mais ver algo assim em sua vida."