Por Olena Harmash
Kiev (Reuters) - O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse nesta sexta-feira que a incursão da Ucrânia na fronteira russa na região de Kursk foi capaz de produzir o resultado desejado de diminuir o ritmo do avanço de Moscou no front no leste do seu país.
Zelenskiy disse em coletiva em Kiev que o contra-ataque russo em Kursk também não registrou nenhum grande sucesso – contradizendo as declarações do presidente russo, Vladimir Putin, de que a Rússia avança nos dois fronts.
A Ucrânia lançou um ataque surpresa na região de Kursk em 6 de agosto, avançando sobre o território russo e assumindo controle de dezenas de vilarejos.
"Teve o resultado que, francamente, era o que esperávamos. Na região de Kharkiv, o inimigo foi parado. Já o avanço em Donetsk diminuiu, ainda que seja uma situação bem difícil", disse Zelenskiy.
Zelenskiy acrescentou que a Rússia tinha cerca de 40 mil soldados no front de Kursk e que eles iniciaram o contra-ataque. "Até o momento, não vimos nenhum sucesso (russo) sério", acrescentou, nos seus mais longos comentários públicos sobre a situação desde o início da operação em Kursk.
O Ministério da Defesa russo disse também nesta sexta-feira que reassumiu o controle de 10 vilarejos dos 100 que passaram para o controle ucraniano.
A Reuters não foi capaz de verificar de maneira independente os relatórios de batalha de nenhum dos lados.
PLANO POR UMA "PAZ CONFIÁVEL"
Com mais de dois anos e meio desde a invasão russa em larga escala, a guerra está em um momento crítico, com Moscou atingindo com regularidade a infraestrutura ucraniana e as suas cidades, conforme suas tropas tentam fazer a incursão ucraniana recuar e consolidar a captura completa da região do leste ucraniano de Donbas.
Zelenskiy reconheceu que a situação próxima do centro logístico de Pokrovsk, na região do leste de Donetsk, segue complicada, mas ele disse que se estabilizou na última semana.
Anteriormente, Zelenskiy descreveu a operação ucraniana em Kursk como parte do seu “plano de vitória” que pretende apresentar ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ainda no mês de setembro.
"(O plano) pode abrir caminho para uma paz confiável – para a implementação completa da fórmula para a paz", disse Zelenskiy nesta sexta-feira.
Ele se negou a revelar detalhes sobre o plano, mas disse que consiste em um pequeno número de pontos.
"E todos esses pontos dependem da decisão de Biden, não de Putin", acrescentou Zelenskiy.
A Ucrânia tem intensificado os apelos aos seus aliados ocidentais, em especial aos Estados Unidos, para que autorizem ataques de longo alcance contra a Rússia, afirmando que isso é fundamental para os seus esforços no sentido de restringir a capacidade de Moscou para atacar a Ucrânia.
Até agora, os aliados têm-se mostrado relutantes em autorizar tais ataques, receando que o governo russo os trate como uma escalada.