Por Jeff Mason e Aaron Maasho
ADIS ABEBA (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta terça-feira que as nações africanas precisam respeitar as regras democráticas e criar empregos para evitar uma situação de desordem.
No primeiro discurso de um presidente norte-americano à União Africana, formada por 54 países, Obama disse que a violência desencadeada no Burundi pela decisão do presidente de disputar um terceiro mandato mostrou os riscos de ignorar as normas constitucionais.
"A África está em movimento, e uma nova África está emergindo", disse Obama na sede da UA em Addis Abeba, acrescentando que o rápido crescimento econômico está mudando "velhos estereótipos" de guerra e pobreza no continente.
Mas ele afirmou haver uma "tarefa urgente" em um continente cuja população, de 1 bilhão de pessoas, vai duplicar em poucas décadas.
"A África terá de criar muitos milhões a mais de empregos do que está fazendo agora", disse. "Precisamos apenas olhar para o Oriente Médio e Norte da África para ver que um grande número de jovens sem emprego e com suas vozes abafadas pode alimentar a instabilidade e desordem."
"O progresso da África também vai depender da democracia", afirmou, acrescentando que prender jornalistas ou restringir a ação de grupos legítimos de oposição resulta em "democracia no nome, mas não na substância".
Obama disse que os líderes deveriam cumprir as leis, e a União Africano tem de pressionar os dirigentes para que se atenham aos limites.
"Eu não entendo por que as pessoas querem ficar assim por muito tempo, especialmente quando ganharam muito dinheiro", disse Obama, provocando risos de uma plateia em um continente frequentemente conhecido pela política dos chamados "homens fortes", acusados de desviar dinheiro público.
O discurso de Obama encerrou seu giro pelo Quênia, terra natal de seu pai, e Etiópia, uma nação antes assolada pela seca, mas que está prestes a crescer 10 por cento este ano.
Ao longo da viagem ele falou de cooperação no âmbito da segurança com Estados que lutam contra os militantes islâmicos na Somália e de desenvolvimento democrático e comercial, em um continente que desde 2009 fez mais comércio com a China do que os EUA.