SRINAGAR, Índia (Reuters) - Tropas de Índia e Paquistão intensificaram o fogo cruzado na fronteira entre os dois países nesta segunda-feira, o que levou à morte de um guarda indiano e obrigou centenas de pessoas a deixar as suas casas, aumentando as tensões na região antes de visitas de autoridades norte-americanas.
A Índia afirmou que quatro paquistaneses que planejavam um ataque em território indiano foram mortos, embora a imprensa indiana e partidos de oposição contestem a versão oficial. O Exército paquistanês confirmou duas mortes de civis no bombardeio indiano.
O incidente desta segunda-feira, no distrito de Samba, ao sul de Jammu, na fronteira internacional em Jammu e Caxemira, ocorreu após a morte de quatro soldados paquistaneses pelas forças indianas na véspera de Ano-Novo.
Uma importante autoridade indiana na área de segurança de fronteira disse que eles haviam retaliado contra ataques de metralhadora e foguetes a cerca de 60 posições ao longo de um trecho de mais de 200 quilômetros da fronteira.
"O Paquistão disparou granadas em vilarejos perto da fronteira, e os nossos homens responderam", disse a autoridade à Reuters.
Em meio às crescentes hostilidades, as agências de segurança da Índia declararam na semana passada um alerta nacional para evitar ataques militantes durante os preparativos para as visitas do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, em janeiro.
Kerry deve discursar no fim de semana numa conferência sobre investimentos em Gujarat, de acordo com organizadores. Obama vai comparecer à parada militar do Dia da República da Índia em 26 de janeiro.
A imprensa indiana afirmou que Kerry também visitará o Paquistão, mas autoridades em Islamabad não confirmaram a informação.
As tensões entre os dois vizinhos, ambos com capacidades nucleares, se intensificaram depois que o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, cancelou uma negociação de paz em agosto. Tiros esporádicos de artilharia atingiram vilarejos numa região anteriormente pacífica na fronteira.
Os dois países, que já travaram duas guerras por conta da região da Caxemira, majoritariamente muçulmana, culparam um ao outro pela onda de ataques que teve início em outubro.
O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, acusou no domingo a Índia de buscar uma guerra de baixa intensidade ao iniciar ataques nas fronteiras internacionais.
Pelo menos 4.000 indianos deixaram as suas casas desde a véspera do Ano-Novo, afirmaram autoridades, e um número similar, acredita-se, também deve ter deixado a zona de fronteira do lado paquistanês. Nesta segunda-feira, a Índia fechou escolas na região e adiou provas.
(Reportagem de Fayaz Bukhari, em Srinagar; e de Katharine Houreld, em Islamabad)