Por Peter Nurse e Jessica Bahia Melo
Investing.com – Os EUA e a China mantiveram conversas para tentar resolver as diferenças, enquanto Goldman Sachs se junta à fila de bancos que rebaixaram as previsões de crescimento da China para este ano. O concurso dos bancos centrais continua nesta semana, com a expectativa de que o Banco da Inglaterra continue aumentando as taxas de juros. No Brasil, investigação sobre suposta fraude na Americanas (BVMF:AMER3) deve ganhar fôlego.
1. EUA e China mantêm conversas
O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reuniu-se com seu colega chinês, Qin Gang, no domingo, no que ambos chamaram de conversas francas e construtivas com o objetivo de suavizar as muitas diferenças entre as duas superpotências econômicas globais.
As discussões provavelmente incluíram queixas sobre o comércio, a situação do setor global de semicondutores, bem como a situação do governo autônomo de Taiwan e o histórico de direitos humanos de Pequim.
Embora seja improvável que essa reunião, a primeira visita de um secretário de Estado dos EUA à China em cinco anos, resulte em um progresso concreto, espera-se que o fato de os dois lados estarem conversando evite que as discordâncias entre as potências rivais se transformem em conflito.
2. Goldman corta as previsões de crescimento da China
O Goldman Sachs juntou-se ao grupo crescente de grandes bancos que estão adotando uma visão mais pessimista da força da recuperação pós-pandemia da China, cortando suas previsões para o crescimento econômico do gigante asiático.
O influente banco de investimentos reduziu sua previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) para o ano inteiro da segunda maior economia do mundo, de 6% para 5,4%, e cortou sua previsão de crescimento para 2024, de 4,6% para 4,5%.
O Goldman segue empresas como Bank of America, JPMorgan, UBS e Standard Chartered na redução de suas previsões de crescimento, citando a desaceleração do mercado imobiliário do país como o principal motivo.
"Julgamos que os ventos contrários ao crescimento são provavelmente persistentes, enquanto os formuladores de políticas são limitados por considerações econômicas e políticas para oferecer um estímulo significativo", disseram os analistas do Goldman, em uma nota divulgada no final do domingo.
Os mercados acionários europeus e asiáticos caíram nesta segunda-feira, com os investidores continuando a se preocupar com as perspectivas econômicas globais, embora a atividade esteja fraca, já que os mercados dos EUA estão de férias devido ao feriado de Juneteenth.
Às 7h55 (de Brasília), o DAX index da Alemanha caía 0,74%, o FTSE 100 do Reino Unido recuava 0,17% e o CAC 40 da França perdia 0,38%.
Isso se seguiu às perdas na Ásia, onde o Nikkei 225 do Japão caiu 1%, o Hang Seng de Hong Kong caiu 0,7% e o índice Shanghai Composite da China caiu 0,5%.
Faltam dados econômicos e de lucros importantes para serem digeridos na segunda-feira, mas os investidores continuam preocupados com a desaceleração do crescimento, não apenas na Europa, com a zona do euro entrando em recessão no primeiro trimestre do ano, mas também na China, um importante impulsionador do crescimento regional.
Além disso, o Federal Reserve indicou que novos aumentos nas taxas poderão ocorrer nos meses de verão, à medida que tenta controlar a inflação, o que pode levar a maior economia do mundo a uma recessão.
3. Os bancos centrais permanecem no centro das atenções
Há mais bancos centrais em destaque nesta semana, começando pelo Banco Popular da China na terça-feira. O PBOC reduziu algumas taxas de empréstimo na semana passada, em uma tentativa de estimular sua economia em declínio, e espera-se que faça o mesmo com uma redução de 10 pontos-base em seu site taxa de empréstimo principal, na tentativa de aliviar a pressão sobre seu conturbado mercado imobiliário.
Na quarta-feira, 21, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro define a taxa de juros, com a expectativa consensual de manutenção da Selic em 13,75%.
Por outro lado, espera-se que o Banco da Inglaterra continue seu longo ciclo de aumento, elevando as taxas de juros em mais 25 pontos-base na quinta-feira, com a taxa de juros do país sendo a mais alta do G7, mais de quatro vezes superior à sua meta de 2%.
Também são esperados aumentos nas taxas em Noruega e Suíça nesta semana, enquanto Hafize Gaye Erkan realiza sua primeira reunião de definição de políticas como recém-nomeado governador do banco central turco.
O presidente Tayyip Erdogan foi eleito para seu terceiro mandato no mês passado, e a nomeação de Erkan, ex-banqueiro de Wall Street, aumentou as expectativas de que a Turquia abandonará as políticas pouco ortodoxas que fizeram com que o lira despencasse para mínimos históricos.
4. O petróleo cai, perdendo parte dos ganhos da semana passada
Os preços do petróleo caíram na segunda-feira, com preocupações de que a vacilante recuperação econômica da China atingirá a demanda do maior importador de petróleo do mundo no segundo semestre do ano.
Às 7h55, os futuros do petróleo dos EUA estavam 0,28% mais baixos, a US$71,73 por barril, enquanto o contrato do Brent tinha baixa de 0,26%, para US$76,41 por barril.
Ambos os índices de referência registraram seu primeiro ganho semanal neste mês na semana passada, ajudados pelo Federal Reserve, que interrompeu sua série de apertos monetários, e pelas expectativas de que a China estimularia ainda mais sua economia em dificuldades.
No entanto, vários bancos importantes cortaram suas previsões de crescimento para 2023 do PIB da China nesta semana, incluindo Goldman Sachs [veja acima], devido a preocupações com a recuperação pós-covid na segunda maior economia do mundo.
5. Próximos passos da CPI que investiga crise na Americanas
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que analisa a crise contábil da Americanas deve intensificar as os trabalhos nas próximos semanas, com investigações a respeito do rombo bilionário, agora chamado de fraude pela varejista.
O deputado Carlos Chiodini (MDB-SC), que é o relator da Comissão, deve liderar os questionamentos a representantes do Banco Central da Comissões de Valores Mobiliários (CVM) nesta terça-feira, 20. Na primeira semana de julho, as perguntas serão direcionadas a ex-diretores da empresa. Depois, devem der convocadas as auditorias KPMG e PwC.
Segundo o CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, documentos analisados sugerem que planilhas vinham sendo maquiadas, com suposta conivência em relação à fraude. Além da CPI, inquéritos em andamento na CVM também analisam este tema.
Às 8h, o ETF EWZ (NYSE:EWZ) subia 0,25% no pré-mercado.
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