Os últimos números de 2019 estão sendo contabilizados e um dos mais aguardados certamente é o da inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) será divulgado amanhã e está entre os indicadores mais relevantes quando o assunto é crescimento econômico, pois reflete a elevação dos preços e o aumento do consumo. E crescimento é tudo o que queremos para 2020.
De acordo com o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central no início da semana, a projeção anual está em 4,13%, uma alta de 0,86% em relação ao mês de novembro, mantendo a inflação abaixo do centro da meta de 4,25% para 2019. A título de comparação, a inflação de 2018 encerrou o ano com 2,98% em uma conjuntura econômica de retração. A diferença, no entanto, é a combinação entre uma inflação baixa e uma taxa de juros em mínima histórica, fato que permite ao mercado se beneficiar de preços mais baixos e juros mais atraentes que estimulam o consumo das famílias, o que não acontecia em 2018.
Mas não é só isso.
No comparativo mensal, em novembro de 2019, o IPCA estava em 3,27% a.a., mas vimos os preços da carne na mesa do brasileiro subirem até 50% devido à forte demanda do mercado asiático por conta da peste suína que obrigou ao sacrifício de milhões de animais como meio de conter a disseminação da doença. Isso significa que, neste caso, a alta da inflação foi provocada por um evento externo e não pelo aumento do consumo interno. O que, ao menos, ajuda os investidores que possuem posição em títulos indexados ao IPCA e fundos imobiliários.
Mas dada a importância desse indicador, programado para ser divulgado nesta sexta-feira (10), o que podemos esperar pela frente? Fizemos a simulação dos três cenários mais prováveis:
1. IPCA em linha com o esperado
Se a inflação de 4,13% ao ano se confirmar, a consolidação do cenário projetado pelo mercado financeiro será reforçada, o que é bom, pois mantém a perspectiva de ajustes equilibrados entre IPCA e Selic, alongando a condição favorável para retomada do crescimento.
Nesse cenário, a busca pela diversificação continua sendo a melhor alternativa, com destaque para os ativos de renda variável.
2. IPCA acima do projetado
Caso o IPCA venha acima do projetado, o mercado deverá ficar dividido. Em parte, porque uma inflação mais alta pode ser interpretada como uma aceleração na expansão da economia, o que é positivo, mas também porque pode chamar a atenção para possíveis elevações na taxa básica de juros, o que levaria incerteza para o atual cenário.
Essa é a possibilidade que deve ser acompanhada mais de perto pelos investidores, pois impacta diretamente na escolha dos seus investimentos. Uma forma de se beneficiar de uma possível projeção de alta da inflação é priorizar os títulos do Tesouro IPCA+ e os fundos de investimentos imobiliários, sempre dentro de uma estratégia de diversificação.
3. IPCA abaixo do esperado
Já na hipótese de o IPCA vir muito abaixo do projetado, a preocupação virá sobre o ritmo da retomada do crescimento, podendo elevar o sentimento de ceticismo nas projeções de 2020. E todos sabemos que crescimento depende da confiança.
Nesse caso, enxergamos a necessidade de diversificar as modalidades de investimento muito bem, levando em consideração as aplicações em ações, fundos imobiliários e fundos de investimento, de modo a se precaver dos riscos excessivos.
Diante disso, independentemente do que for divulgado amanhã, o investidor terá que tomar boas decisões para encontrar as possíveis saídas e aproveitar as oportunidades que surgirão. Portanto, venha o que vier, nada de pessimismo. Não será nada que uma dose de pé no chão, disciplina e informação não resolva. Afinal, o ano está só começando.