O S&P 500 recuperou as perdas da correção de verão/outono e se aproxima do recorde de julho. Uma superação desse nível pode indicar que as ações dos EUA estão prontas para sair da faixa de negociação que dominou os últimos dois anos.
Um gráfico semanal do S&P 500 mostra que a alta perdeu força na faixa de 4550 a 4600 pontos. Os investidores se perguntam se esse é um limite ou uma pausa que prepara o terreno para a retomada da tendência de alta que começou há mais de um ano.
O grande desafio é o recorde de janeiro de 2022, que antecedeu o ciclo de alta da taxa de juros pelo Federal Reserve, que provocou quedas acentuadas nas ações no ano passado. A confiança crescente nos últimos meses de que os juros pararam de subir, e podem até cair no próximo ano, está impulsionando o viés de alta nas ações.
A tendência de queda do rendimento do títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA parece confirmar essa mudança de cenário. Nos últimos dois meses, essa taxa-chave vem caindo, fechando em 4,12% na quarta-feira (6 de dezembro), o menor nível desde o início de setembro. Mais quedas podem favorecer preços mais altos das ações.
O caminho à frente para as taxas de juros, em resumo, será um fator crítico para determinar se as ações dos EUA podem sair da recente faixa de negociação. Os juros futuros estão precificando pequenas chances de que o banco central corte sua taxa-alvo em 25 pontos-base em março. Isso não é uma certeza, mas sinaliza uma mudança de sentimento que antecipa uma política monetária mais frouxa em 2024.
Embora as expectativas de juros mais baixos tenham sustentado as ações recentemente, há um possível lado negativo, observa Quincy Krosby, estrategista-chefe global da LPL Research. Em uma nota de pesquisa, ela alerta que a queda nos rendimentos “é preocupante, pois reflete uma desaceleração econômica, talvez mais rápida do que o desejado.”
Nesse contexto, o atual PIB (até 6 de dezembro) para o quarto trimestre, segundo o modelo GDPNow do Fed de Atlanta, estima que o crescimento desacelerará fortemente para 1,3%, em comparação com o aumento expressivo de 5,2% no terceiro trimestre.
Então, até que ponto juros mais baixos são bons para os ânimos do mercado de ações?
Ninguém sabe ao certo, mas as chances do S&P 500 sair de sua faixa de negociação podem ser mais difíceis do que parecem, se o declínio nos rendimentos dos títulos do Tesouro for motivado por preocupações com atividade econômica mais fraca versus desinflação.