Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com
A corrida para os ativos de segurança, evidenciada pela queda nos rendimentos de títulos governamentais e pela busca de “portos seguros”, pode estar chegando ao fim. Os investidores vinham recorrendo aos ativos de proteção diante do acirramento das tensões geopolíticas durante o mês de agosto. Agora, com o arrefecimento de algumas dessas tensões, os investidores parecem estar melhorando o humor e a disposição para tomar risco.
O Índice de Volatilidade tem caído nos últimos dias e está prestes a cair ainda mais, à medida que os mercados acionários ao redor do mundo deixam o pessimismo para trás. Essa mudança de humor se deve à redução das tensões na guerra comercial EUA-China, à iniciativa de Hong Kong de anular a lei de extradição para a China continental e à menor probabilidade de um Brexit sem acordo. De repende, a densa neblina causada pelo pessimismo do mês passado parece estar se dissipando.
Um agosto volátil
O mês de agosto foi brutal para os mercados, com os preços das ações oscilando na faixa de 4% no S&P 500. Essa volatilidade fez com que os rendimentos derretessem, com exceção dos produtos básicos de consumo, dos serviços públicos e do ouro, que dispararam. De 31 de julho a 4 de setembro, o fundo Select Sector SPDR Consumer Staples ETF (NYSE:XLP) se valorizou quase 4%, o Select Sector SPDR Utilities ETF (NYSE:XLU) subiu mais de 7%, enquanto o SPDR Gold Shares (NYSE:GLD) teve valorização de mais de 9%. Esses resultados foram melhores do que o declínio de mais de 1% do S&P 500.
Temores diminuem
Tudo indica que a aversão ao risco esteja perdendo força. O VIX, por exemplo, ficou em uma consolidação de 16 a 21 durante todo o mês de agosto. Mas, desde 5 de setembro, essa medida de volatilidade vem testando o suporte de 16 e pode cair ainda mais se os temores continuarem cedendo.
Além disso, o ETF de ouro nos EUA vinha subindo por causa desse aumento do medo. Mas agora o GLD está enfrentando um forte nível de resistência ao redor do preço de US$ 149. Os gráficos também mostram que está se formando no ouro um padrão altamente baixista, um indicativo de que o metal pode estar prestes a cair. O Índice de Força Relativa (IFR) também está emitindo sinais de alerta, pois vem caindo apesar da tendência de alta no ouro, um sinal de divergência de baixa. O ouro pode perder a tendência de alta se atingir o preço de US$ 143 aproximadamente. Isso poderia fazê-lo voltar ao suporte de preço a US$ 136,50, um declínio de cerca de 5%.
Da mesma forma, o ETF de produtos básicos de consumo emite alguns sinais de alerta. O gráfico técnico mostra que o preço tem subido nas últimas semanas, mas está formando um padrão baixista conhecido como cunha ascendente. Além disso, o IFR para o ETF apresenta uma divergência baixista com a redução na sua leitura, apesar de o fundo alcançar preços mais altos. Se o ETF perder o patamar de US$ 60,90, pode se enfraquecer ainda mais para cerca de US$ 57,75, uma queda de 6% em relação ao seu preço de aproximadamente US$ 61,20.
O ETF de serviços públicos também sugere que uma correção pode estar a caminho. O IFR ultrapassou 70, o que é um indicativo de que o setor pode estar sobrecomprado. A última vez em que isso aconteceu foi em março, e o ETF passou a ficar de lado nos dois meses seguintes.
O risco voltou?
Mas o maior sinal de redução de aversão ao risco foi o rompimento do nível de resistência de agosto no S&P 500, a 2935, disparando para 2985 em 5 de setembro, quando os investidores começaram a voltar para setores de risco.
Se os temores geopolíticos que pesaram sobre os mercados em agosto continuarem se distensionando, é provável que a aversão ao risco siga em queda. Isso significa que as ações podem estar prestes a atingir máximas históricas novamente.