G5 Partners: medida tributária fora de hora tirou potência de um pacote de direção certa

Publicado 01.12.2024, 06:37
Atualizado 01.12.2024, 18:13
© Reuters.  G5 Partners: medida tributária fora de hora tirou potência de um pacote de direção certa

O pacote fiscal anunciado na quarta-feira, 27, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, caminha na direção certa de sanar problemas velhos conhecidos, mas que veio sem a potência esperada pelo mercado. Primeiro porque, segundo escreve o economista Luís Otávio de Souza Leal, no seu Canário da Mina, relatório que a G5 Partners distribui a seus clientes semanalmente, junto com o pacote foi anunciada uma medida tributária fora de hora. O economista se refere à reforma do Imposto de Renda, que só será discutida no Congresso em 2025.

"Portanto, a uma medida tributária fora de hora, somou-se a um pacote na direção certa, porém sem a potência esperada pelo mercado. Por exemplo, discussões sobre a desvinculação dos benefícios sociais do INSS, ou mesmo apenas do abono salarial, do salário mínimo, não aparecem. Assim como mudanças no seguro-desemprego, que, claramente mal desenhado, vem crescendo exponencialmente, mesmo com a taxa de desemprego chegando a mínimos históricos", reitera o economista.

Por isso, de acordo com Souza Leal, a reação do mercado não era para causar surpresas. Ele se refere à subida de mais de 3% do dólar entre quarta e quinta-feira, 28, chegando a R$ 5,99, e da taxa de juros nominal de 5 anos que passou de 13,04% para 13,74%, e a real, de 6,95% para 7,19% no mesmo período.

Sem dúvida nenhuma, segundo o economista da G5 Partners, há um exagero nesses movimentos, potencializados pelo stop loss. "Entretanto, eles não aconteceram sem razão. Um pacote fiscal desidratado e a divulgação de uma medida extemporânea apenas consolidaram no mercado a certeza de que o governo Lula não tem nenhum interesse em resolver o problema fiscal antes das eleições de 2026.

"Bem, se o governo continua mantendo o pé no acelerador dos gastos - e a isenção para quem ganha até R$ 5 mil vai nessa direção, uma vez que libera recursos para uma faixa de renda que consome a maior parte da renda, compensando com a queda da renda de um estrato da sociedade que tende a poupar -, a política monetária tem que colocar o pé no freio", avalia Souza Leal.

Até porque, continua ele, "considerando que já temos uma desvalorização de 23% no ano, o impacto no IPCA nos próximos 12 meses pode chegar a 1 ponto porcentual. Por isso, quando se trata da próxima reunião do Copom, no dia 11 de dezembro, a discussão não é mais sobre se o BC vai subir os juros em 0,50 ponto ou 0,75 ponto, mas se a alta vai ser de 0,75 ponto para 1 ponto".

Inclusive, lembra o economista, no final da última quinta-feira, o mercado atribuía uma chance de 52% de o Copom escolher o aumento mais salgado.

"Obviamente, nossas projeções não passaram incólumes dessa piora dos ativos. Mesmo considerando que estamos em um claro modo pânico nos mercados, quando os preços perdem a ligação com a realidade, mudamos nossa expectativa para a reunião do Copom de dezembro de 11,75% ao ano para 12,00%, alta que passou de 0,50 para 0,75 ponto porcentual. Em consequência, nossa projeção para os juros de final de ciclo passou de 13% ao ano para 13,50% e, para o final de 2025, de 12% ao ano para 12,50%", escreve Souza Leal no relatório.

No caso da inflação, a G5 Partners prefere esperar a divulgação do IPCA de novembro - no início de dezembro - para reavaliar o cenário, mas as projeções de 4,7% para este ano e de 4,3% para o ano que vem têm um claro viés de alta.

"A mesma sinalização vale para o câmbio. Nossa projeção de que dólar pudesse ficar entre R$ 5,50 e R$ 5,60 no final de 2024 partia da premissa de um pacote bom. Como ele não foi bom, vai ser revisada para cima. Para que nível? Vamos esperar a poeira baixar um pouco para fechar questão, mas certamente ficará ao redor de R$ 6,00, tanto para este ano quanto para o próximo", acrescenta Souza Leal.

LEIA MAIS - G5Partners: Medida do pacote fiscal que mais aflige o mercado é a que não vai acontecer

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.