Depois de um 2021 bastante sangrento (queda de -12 por cento), o Ibovespa terminou o primeiro mês do ano com alta acumulada de +6,98 por cento. Nada como respirar novos ares.
As ações do setor financeiro e ligadas ao consumo interno contribuíram para a valorização do índice em janeiro, enquanto a Vale (SA:VALE3) pesou do lado oposto.
Por que a B3 liderou o ranking das melhores ações
Essa alta tem muito a ver com o investidor estrangeiro vindo para a bolsa brasileira e, sendo a B3 a única competidora desse mercado, os investidores buscam comprar a companhia listada - a B3 (SA:B3SA3)) - que captura essas receitas.
Em janeiro, até o dia 26, o investidor estrangeiro já registrou entrada líquida de 24,84 bilhões de reais, mais do que em dezembro, e o equivalente a 35 por cento do total de 2021.
Destaque para o setor financeiro
Conforme levantamento do Valor Data, os grandes bancos Itaú Unibanco (SA:ITUB4), Bradesco (SA:BBDC4) e Banco do Brasil (SA:BBAS3) foram destaque no mês por terem uma boa provisão de pagamento de dividendos e se beneficiarem de um cenário de alta da Selic.
Para o setor financeiro, ressalto a preferência por bancos digitais, que, ao contrário das instituições tradicionais, têm conseguido reter a captação feita no passado e elevar o nível de capacitação em cima de uma rentabilidade mais atrativa. A XP Investimentos (SA:XPBR31) (NASDAQ:XP) e o BTG Pactual (SA:BPAC11) são empresas que devem apresentar resultados cada vez melhores.
Queda no setor de tecnologia
Entre os destaques negativos, Locaweb (SA:LWSA3) (-26,29 por cento) despontou como a de pior desempenho por um fator que também prejudicou a Méliuz (SA:CASH3) (-10,19 por cento) e, desde o ano passado, tem contribuindo para uma forte volatilidade nos papéis do Inter (SA:BIDI11) (-9 por cento) — que ficou de fora do ranking das dez maiores quedas do mês.
Estamos em um período de transição, em que "empresas de valor", que são as empresas de múltiplos mais baixos, tendem a ter desempenho melhor, enquanto as de "crescimento", que operam com múltiplos mais altos, tendem a ter performance pior. Isso porque quem compra empresas de múltiplos altos está apostando que, lá na frente, a empresa terá resultado bom que faça jus ao múltiplo alto. Lembrando que muitas empresas de tecnologia ainda nem dão lucro. E juros altos impactam os preços de empresas dessa categoria, já que os lucros estão mais distantes e o valor, hoje, muito menor.
No caso de Alpargatas (SA:ALPA4) (-21,15 por cento), na segunda posição, destoa um pouco porque a empresa não tem apresentado bons resultados, o que nos leva a acreditar que, possivelmente, o mercado apenas reforçou o pessimismo com o papel.
Nossas preferências
Vejo um bom desempenho no setor de locação porque, apesar do preço dos carros novos no Brasil ter aumentado, as locadoras têm conseguido repassar esse aumento de custo de modo geral, bem como mantido seus balanços ajustados para evitar perdas futuras em decorrência do descasamento de ticket na hora da venda (pagar mais caro e vender mais barato).
Apesar de juros maiores reduzirem a rentabilidade, tendo em vista que são empresas de capital intensivo, as locadoras reforçaram o caixa durante a pandemia e estão com bastante “poder de fogo” para sustentar o crescimento daqui em diante, mesmo em um ano mais turbulento. No setor, a preferência é pelas ações da Movida (SA:MOVI3).