A disputa entre os dois lados do Atlântico Norte terá um vencedor hoje. O Banco Central Europeu (BCE) deve confirmar pela manhã (9h15) o primeiro corte nos juros da zona do euro em cinco anos. Com isso, larga na frente do Federal Reserve, que insiste em manter a taxa dos Estados Unidos no nível mais alto desde 2001.
Essa demora do Fed em se mover, ao passo que outros BCs europeus - como o da Suécia - e da própria América do Norte - como o do Canadá - iniciaram o ritmo de queda, provoca um descompasso na condução das taxas de juros no mundo, com impactos no mercado global. A principal consequência é um dólar cada vez mais forte de modo generalizado.
Portanto, não é o real que está fraco. É a moeda dos EUA que segue buscando níveis vistos em 2023 (ou antes), uma vez que o tão aguardado ciclo de queda dos juros neste ano sequer começou. A lentidão do Fed é tanta que o mercado já tem dúvidas se apenas um corte de 0,25 ponto em setembro será o suficiente para impulsionar os ativos de risco.
Provavelmente não. Afinal, já existe um gap considerável entre o juro praticado nos EUA e nas principais economias do mundo. Aí, os especialistas de plantão tentam encontrar razões para explicar as seis quedas consecutivas do Ibovespa até ontem, acumulando perda de 2,5% apenas neste período.
Por mais que se atribua o comportamento recente ao cenário doméstico, com o mercado “descontente com o andar da política econômica brasileira e incomodado com os ruídos fiscais”, o motivo é externo. E não, não se trata da baixa recente das commodities, principalmente do petróleo e do minério de ferro.
Aliás, Vale (BVMF:VALE3) e Petrobras (BVMF:PETR4) só estão sendo pressionadas por serem as ações mais líquidas da bolsa. São, portanto, a porta de saída do mercado acionário local - em especial, para os estrangeiros. Você pode até duvidar, mas é o atraso relativo do Fed na corrida pelo corte dos juros que cria uma disfuncionalidade entre os ativos, inclusive entre as big techs.
Nvidia vê Apple pelo retrovisor
A ponto de fazer a Nvidia (NASDAQ:NVDA) superar a marca de US$ 3 trilhões em valor de mercado e ultrapassar a Apple (NASDAQ:AAPL). Como já dito, a fabricante de chips avançados está navegando em meio às tensões entre EUA e China e foi forçada a vender seu produto top de linha, o H20, a um preço abaixo do Ascend 910B da Huawei no mercado chinês.
Os próprios executivos da empresa americana reconhecem que a receita de data center na China caiu significativamente devido às restrições de controle de exportações impostas por Washington. Qualquer semelhança com o que aconteceu com a venda de smartphones da marca da maçã entre os consumidores asiáticos não é mera coincidência.