Irei começar a análise desse post de uma forma diferente.
Ontem, andando por alguns sites me deparei com uma análise do índice CRB de commodities. Ali, o analista via uma suposta figura OCOI, ainda que torta (todas essas figuras são tortas !). Dentro desse contexto, o analista dizia: "Não lute contra o mercado". O raciocínio dele trazia consigo, uma análise otimista e a idéia implícita que o índice vá subir e engatar novas altas.
Veja o gráfico diário do CRB abaixo:
Ok, ok, ! A análise não está toda errada, porém, há também, por outro lado, uma verdadeira paranóia de que os mercados sempre irão subir e subir e subir. Nesse ponto, eles esquecem de olhar pelo menos gráficos mais amplos, como o semanal e o mensal. Esquecem de colocar outros parâmetros para tentar ver alguma brecha naquele gráfico. Esquecem de tentar "falsificar" o raciocínio em questão.
É nesse estágio que podemos apresntar uma possível "ilusão de ótica".
Recolocarei o gráfico acima, num prazo mais longo, e vejam que a Média móvel simples de 200 períodos está caindo ! Inclusive o índice ainda está abaixo da média, porém, o mais relevante é que a média de longo prazo está caindo ! E ainda temos a Média móvel simples de 50 por baixo da de 200.
Vejam:
A idéia de que ele possa apenas num movimento de correção de alta, dentro de uma tendência de baixa deve ser considerada, ainda que, como visto no gráfico abaixo, a primeira LTB tenha sido rompida; uma outra segunda, que pode fazer parte de um triângulo descendente, não.
O foco momentâneo nas commodities faz sentido, já que representa um forte barômetro do momentum da economia mundial.
Continuando a análise, podemos corroborá-la com mais 3 gráficos diários de 3 das maiores mineradoras do mundo: a Vale, A BHP e a Rio Tinto. Todas com suas médias móveis simples de 200 períodos caindo. BHP e Rio Tinto, ações listadas em Nova York; a brasileira Vale, gráfico BOVESPA brasil.
Vamos olhar a BHP e a Rio Tinto sob a perspectiva de um OCO no longo prazo ?
Já que pelo menos tentamos ter uma nova perspectiva, vamos agora nos situar em que estágio de risco estamos para tentar vislumbrar se os mercados americanos podem de fato ter atingido o topo, dentro desse rally de alta que vem desde março de 2009.
Veja o estágio em que se encontra o índice VIX de volatilidade numa correlação com o SP500.
Desde quando foi criado, o índice só "estressa fortemente" o SP500, quando de fato ultrapassa a faixa de 15. Abaixo de 15, temos um movimento ascendente do SP500 praticamente sem sobressaltos; isso aconteceu nos períodos 94-96 e 2004-2006. Qaundo o indice "estabiliza" acima da faixa de 15, os sobressaltos são maiores, provocando em alguns momentos fortes quedas, indicando, sobretudo, uma reversão no SP500.
O último momento em que o VIX estabilizou acima da faixa de 15 foi no período 97-2004; podemos especular sim que presenciaremos um novo ciclo de 7 anos para o VIX acima de 15; portanto, 2007-2014, o que significa que teremos ainda fortes sobressaltos pela frente, sem a mínima garantia de que o SP500 alcançará novas máximas a partir do topo histórico de 1.576.
Por fim, vamos nos ater ao que aconteceu na semana com o Dow Jones e o SP500.
O Dow Jones praticamente atingiu a máxima do ano passado ao bater 12.840, caracaterizando um possível topo duplo com divergências baixistas de MACD e IFR14 no gráfico mensal, portanto, um forte sinal baixista.
O SP500 bateu numa LTB de longo prazo, na escala logarítmica, tempo mensal também.
Várias especulações ao final da semana sobre a "golden cross", isto é, sobre o cruzamento da Média móvel simples de 50 sobre a de 200 no SP500. Estamos bem próximos é verdade.
Por isso fiz questão também de registrar o movimento das commodities nessa análise.
Vamos resgatar 2 questões dentro desse contexto:
- A média móvel simples de 200 do SP500 está embicada pra baixo já ha cerca de 6 meses.
- Em 2008, quando a média móvel simples de 200 começou a embicar pra baixo, houve um repique que também levou a média móvel simples de 50 a se aproximar da de 200, porém , em novas quedas, ela voltou a se distanciar.
- Em 2002, o cruzamento da MA50 sobre a MA200 ficou muito próxima também, mas a direção da MA200 prevaleceu e o indice apresentou mais à frente novas quedas.
Resgatamos todos esses gráficos pra deixarmos bem claro que "de bobo", o mercado não tem nada. O volume nos últimos 40 dias lá fora tem sido muito fracos;
Do ponto de vista fundamentalista, vamos fazer as seguintes perguntas e/ou afirmações:
- Quem tá comprando os títulos soberanos dos países endividados europeus ? Apenas o Banco Central Europeu ! Ora, apenas o "emprestador último" dá liquidez a esses papéis.
- Quem vai evitar a desaceleração econômica mundial ? A China ? Ora, a China depende dos europeus, que dependem da China, que depende dos europeus, que dependem da China, que dependende do Brasil, que depende da Europa, que depende da China. Enfim, uma "tragicômica" reflexividade que deve ser lembrada.
- Quem vai evitar a desaceleração econômica mundial ? O Brasil ? Ora, o Brasil depende das commodities, que representa a demanda da China, que impulsionou os mercados emergentes apoiada por uma bolha imobiliária e um crescimento que têm uma data pra acabar. Por consequência, o Brasil, também afetado por uma bolha imobilíária, e por um governo displicente com a inflação, caminha a passos largos para uma forte desaceleração econômica e um achatamento acentuado do poder aquisitivo da sociedade.
Portanto, não dependam da China, do Brasil, de nenhum dos paises emergentes. Todos estão interligados, todos sofrerão, uns mais, outros menos.
É hora de falsificar "verdades absolutas", é hora de ler Karl Popper.