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Caso Americanas (AMER3): Detentores de CRA inadimplente terão que fazer aporte

Publicado 09.03.2023, 13:02
Atualizado 09.07.2023, 07:32
OIBR3
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AMER3
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LAME4
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LIGT3
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CVCB3
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Segundo o site TradeMap, os detentores do CRA (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) da HortiFruti Natural da Terra, empresa adquirida pelo grupo Americanas (BVMF:AMER3) em 2021, terão que participar do aporte de R$ 1 milhão.

Esse CRA está inadimplente pela suspensão de pagamentos do emissor.

Entenda o caso

Ainda de acordo com a reportagem, alguns detentores do CRA não concordam com algumas decisões da assembleia ocorrida em setembro de 2022, como o “waiver” para o não vencimento antecipado do CRA frente à troca de controle para a Americanas.

Esses investidores dizem que o quórum deveria ter sido de mais de 50%, mas que foi de 46%.

Lembrando que “waiver” é uma autorização que os debenturistas dão à empresa emissora contra cláusulas descritas na emissão do título.

Por exemplo, a emissão dizia que na eventualidade de troca de controle poderia ser declarado o vencimento antecipado do CRA, e a empresa teria que repagar toda a dívida aos debenturistas.

Mas, na assembleia de setembro, os debenturistas supostamente deram sua autorização para que houvesse a troca sem que fosse declarado o vencimento antecipado.

Recebi alguns questionamentos a respeito da possibilidade descrita na reportagem.

Será que é possível que eu compre um título privado de renda fixa e além de levar o default ainda corra o risco de ter que aportar dinheiro?

Na verdade, não é bem assim.

Como funciona

Quando você compra um CRI, CRA ou Debênture, você não é responsável pelo pagamento de nenhum valor ou calote que a empresa possa dar.

Geralmente, o único risco que você corre é de fato o risco de crédito.

Mas, para proteger o investidor de uma possível situação de inadimplência, algumas emissões constituem uma provisão ou fundo de reserva.

Esses recursos são utilizados para custear os gastos com advogados, auditores, consultores, entre outros, que auxiliarão os debenturistas com a cobrança dos valores devidos.

Na inadimplência da Rodovias do Tietê, por exemplo, eles tinham um fundo de reserva, que foi utilizado para custear todo o trâmite legal da recuperação judicial.

O que pode acontecer é que alguns títulos privados não possuem fundo de reserva ou provisões para despesas com cobrança.

Como esse é o caso do CRA da HortiFruti Natural da Terra, os debenturistas podem ser chamados a aportar os custos da cobrança.

Diante disso, o custo ficou em R$ 10,00 (dez reais) por unidade de CRA detido.

Segundo a reportagem do TradeMap, quem não aportar o valor estará inadimplente e perderá o direito de votar nas assembleias seguintes.

Mas como saber se a emissão de CRIs, CRAs ou Debêntures tem ou não fundo de reserva?

Para isso, basta olhar o prospecto da emissão. Exatamente, aquele documento de 500 páginas.

Nele, estarão todos os detalhes de como funcionará o ativo, incluindo a presença ou não do fundo.

Como evitar essa situação?

O principal é evitar empresas que podem vir a se tornar inadimplentes. Uma boa análise de crédito é fundamental nesses momentos.

Esse estudo deve mostrar a capacidade da empresa em rentabilizar seu próprio negócio, o volume de alavancagem, nível de caixa, cronograma de amortização das dívidas, entre outras coisas.

Quanto melhor for a empresa escolhida, menor a chance de chegar à situação de default.

Caso chegue a esse ponto, ter o fundo de reserva te dá uma tranquilidade a mais.

CRI e CRA

Apesar de parecerem um pouco mais complicados, os CRIs e CRAs podem ser excelentes alternativas ao seu portfólio de investimento.

Por não terem garantia do FGC e terem uma liquidez menor do que os títulos públicos, as taxas pagas por esses empréstimos costumam ser bem superiores às taxas encontradas em produtos mais difundidos como CDBs, LCIs e LCAs.

Crise de crédito

Recentemente, ainda tivemos mais um agravante: a crise de crédito de grandes empresas como Lojas Americanas (BVMF:LAME4) (AMER3), Oi (OIBR3 (BVMF:OIBR3)), Light (BVMF:LIGT3) e CVC (BVMF:CVCB3) fez com que os fundos de crédito privado sofressem fortes resgates.

Os gestores desses fundos precisam ir a mercado e vender esses títulos, em um momento de baixa liquidez. Isso está fazendo com que as taxas subam ainda mais, para patamares de stress.

As taxas atrativas podem ser encontradas tanto para boas empresas quanto para empresas ruins, o que gera uma excelente oportunidade para quem sabe separar o joio do trigo.

Um abraço.

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