Os investidores devem buscar proteção nesta sexta-feira, por causa da pausa nos próximos dias nos mercados domésticos, em meio à folia do carnaval. Afinal, nada mais arriscado do que ficar de fora dos negócios até o início da tarde da próxima quarta-feira, em meio à volatilidade no exterior, que, aliás, persiste hoje, diante da nova paralisação do governo dos Estados Unidos.
O Senado aprovou, nesta madrugada, a proposta atrasada para o Orçamento norte-americano para os próximos dois anos, mas a Câmara ainda não votou a matéria, o que pode acontecer nas próximas horas. Até lá, as contas do governo ficam congeladas, provocando o chamado shutdown.
É a segunda vez que o presidente norte-americano Donald Trump enfrenta um "apagão" administrativo no país. Mas a expectativa é de uma rápida abertura do governo, limitando as consequências da paralisação. Com isso, os índices futuros das bolsas de Nova York estão em alta nesta manhã, um dia após um novo tombo em Wall Street, que penalizou o pregão na Ásia.
As principais bolsas asiáticas fecharam com perdas aceleradas, de mais de 2% em Tóquio e em Seul; -3% em Hong Kong e caindo até 4% em Xangai, que foi pressionada pelos investidores locais. Com isso, nem fez preço nos negócios a desaceleração da inflação ao consumidor chinês (CPI) em janeiro, que subiu 1,5% em relação a um ano antes, na menor alta em sete meses, em meio à queda nos preços dos alimentos.
Já os preços ao produtor na China (PPI) perderam força pelo terceiro mês seguido, avançando 4,3% em janeiro, em base anual. Ambos os resultados ficaram dentro do esperado e, por isso, ficaram em segundo plano. Na Europa, as bolsas da região oscilam entre altas e baixas, sem um rumo definido, divididas entre os sinais opostos vindo do Ocidente e do Oriente nesta manhã.
Enquanto isso, o dólar se enfraquece em relação ao euro e à libra esterlina, ao passo que se fortalece frente ao iene e também ante as moedas de países emergentes e correlacionadas às commodities. O petróleo recua nesta manhã pelo sexto dia seguido e é negociado no nível mais baixo em cinco semanas. Os metais básicos também perdem tração.
Apesar dessa tentativa de melhora ensaiada no mercado internacional, os negócios locais podem ter fôlego mais curto para acompanhar essa retomada dos ativos, com os investidores reduzindo o apetite por risco. Até porque o vaivém no exterior deve continuar, com os mercados buscando um ponto de equilíbrio em meio à perspectiva de aceleração do crescimento nos EUA e de até quatro altas nos juros norte-americanos neste ano.
O fato de os negócios locais voltarem às vésperas de mais uma pausa, desta vez, na China, também atrapalha a definir a posição a ser assumida pelos investidores em relação ao risco. Na semana que vem, o gigante asiático celebra o Ano Novo chinês, com a chegada do ano do cachorro, no próximo dia 16, o que também irá interromper os negócios por alguns dias. Segundo a tradição chinesa, os anos de cachorro são o início de muitas revoluções e sempre foram marcados como um ponto de virada na história da humanidade.
No Brasil, a expectativa é mesmo de mudanças, por causa das eleições, que pode definir o próximo presidente do país pelos próximos quatro ou, quiçá, oito anos. Aliás, na volta do carnaval, o apresentador Luciano Huck, que voltou às manchetes e tem recebido afagos dos tucanos, deve decidir se irá disputar o pleito de outubro. A própria TV Globo teria pressionado o funcionário por uma decisão.
Mais isso é assunto para depois da folia. Na agenda do dia, a divulgação de indicadores econômicos está fraca, ao contrário de ontem, o que reforça a percepção de que as divulgações domésticas foram antecipadas por causa da pausa para o carnaval. O destaque do dia fica com as vendas no varejo em dezembro, que devem ter caído 0,50%, já que as compras de Natal foram antecipadas durante a Black Friday, em novembro.
Em relação a um ano antes, o desempenho do comércio deve manter a trajetória de alta e crescer pelo nono mês seguido, em 4,50%. Com isso, as vendas do setor varejista devem ter encerrado 2017 com um crescimento ao redor de 1,5%, após caírem mais de 6% em 2016, no pior resultado da série histórica atualizada, iniciada em 2001. Os números efetivos serão conhecidos às 9h.
Antes, às 8h, saem os dados regionais do índice de preços ao consumidor (IPC). Na temporada de balanços, destaque para os resultados trimestrais da Usiminas (SA:USIM5), antes da abertura do pregão local. No exterior, mesmo sem a folia do carnaval, a agenda econômica também está mais fraca, trazendo apenas os dados de dezembro sobre os estoques no atacado dos Estados Unidos (13h).