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Daqui Pra FrenteTudo Vai Ser Diferente (com o dólar)?

Publicado 07.04.2015, 16:53
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A sandália da humildade

A verdade é que temos que ser humildes e reconhecer que não sabemos de antemão o resultado de um ano nem temos o poder de determinar o que vai acontecer no mercado ou o dom de prever. O que sabemos e podemos assegurar com razoável chance de sucesso é que temos flexibilidade e nos adaptamos rapidamente às exigências do mercado e num período suficientemente amplo obtemos os resultados que perseguimos, por isso estendemos esta nossa visão até 2018.”

Isso apareceu na última apresentação de resultados da Grendene, como justificativa da empresa para ampliar o horizonte de seu plano de negócios.

As aspas acima não permitem maiores elucubrações dos investidores, naturalmente ávidos por uma meta operacional para fazer suas contas.

Mas é de uma honestidade incomum...

Por que as aspas acima são extremamente importantes?

(1) Contra a ditadura dos fluxos de caixa descontado

Pois alerta para os perigos da ditadura do fluxo de caixa descontado (preços-alvo): ora, se a própria empresa é incapaz de projetar um horizonte temporal relativamente curto de forma concisa, o que dizer de um analista, que está fora da empresa, para um período longo?

O cara só chega no preço-alvo de uma ação depois de projetar uma por uma de cada linha do demonstrativo de resultados de uma empresa pelos próximos cinco anos ao menos, e expor tudo isso a uma taxa de crescimento na perpetuidade.

Quanto essa empresa em questão gerará de receita líquida no terceiro trimestre de 2018? E quanto conseguirá fazer de enxugar de despesas operacionais no segundo trimestre de 2020?

(2) Em favor da sua ignorância

Tá, mas sem isso, o que você tem?

A única coisa que pode fazer, é assumir que não sabe nada, é incapaz de prever linha por linha do futuro de uma empresa que não conhece a fundo e também pensar várias vezes antes de tomar uma decisão baseada em uma recomendação de investimento quase inteiramente balizada em premissas e no resultado de um modelo de fluxo de caixa descontado (ou, tomada a partir de um preço-alvo).

O que lhe resta?

Tentar fugir de rupturas, ou ativos e segmentos altamente suscetíveis a choques externos, e explorar assimetrias de retorno potencial (espaço para perder x espaço para ganhar). Ou, grosso modo, comprar barato.

(3) Em favor de sinalizações comprometidas

Porque uma recompra de ações ou uma OPA (oferta pública de aquisição de ações) podem ser uma sinalização contundente?

Pois sinalizam que o insider, daquele que em tese é quem mais conhece sobre a empresa, está pondo o seu na reta de fato.

Muito mais de meramente anunciar uma perspectiva, ou meta, estão colocando dinheiro nela.

O paradoxo dos analistas

Extrapolando essa questão para o universo dos analistas, a regulamentação da CVM limita a atuação do analista no mercado de capitais.

Tem um ponto válido nisso. Há risco de conflito de interesses, do cara mover o mercado com uma recomendação e se beneficiar dela, comprando ou vendendo o ativo em questão.

Mas não podemos ignorar o contraponto... qual recomendação é mais firme:

a. a do analista que apenas recomenda comprar determinada ação?

b. ou a do analista que recomenda comprar determinada ação de tal forma que coloca seu próprio dinheiro nela?

Ao oportunista de plantão

Recentemente o M5M abordou a enxurrada de mensagens negativas que recebemos por conta da alta das ações da Petrobras nos últimos dias - pelo fato de termos recomendação contrária à ação.

O recado aparentemente foi ignorado...

Uma semana depois, acontece o mesmo com o dólar.

Assim com a SA:Petro, que foi de R$ 8,5 a R$ 10, mas recomendamos apostar na baixa desde R$ 25, estamos um bocado confortáveis com o dólar, que recomendamos comprar desde R$ 1,90 (aqui no M5M), a R$ 3,13.

Mais uma vez: análise e recomendação de ativos financeiros é (ou deveria ser) coisa mais ampla, baseado em alterações de fundamentos materiais e assimetria de retornos potenciais (denovo ele). O bom alocador não acerta todas. Ele pondera cenários, probabilidades e preços. Projetar o futuro ainda não nos pertence.

Daqui pra frente tudo vai ser diferente (com o dólar)?

Poxa, mas isso é previsão? Futurologia?

Não.

Apenas a constatação que:

- o câmbio de equilíbrio, aquele que neutraliza nossas relações com o resto do mundo, está na casa de R$ 3,30;
- a munição do Banco Central para segurar a moeda se esgotou;
- EUA é quem mais cresce dentre as economias maduras, algo que atrai capital para lá;
- a economia americana está em vias de subir juros, algo que atrai capital para lá. Algo que todo mundo sabe, mas ninguém ainda provou os efeitos;

Obviamente, o potencial de valorização para quem seguiu a recomendação desde R$ 1,90 era maior.

Mas ainda faz muito sentido estar na moeda forte para preservação de valor considerando a fragilidade do real a choques externos, a deterioração dos indicadores da economia brasileira, e risco de colapso lá fora.

O paradoxo dos bilhões

Para encerrarmos, veja o tamanho do paradoxo no noticiário dessa terça-feira:

Manchete 1: A intenção do presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, é realizar uma baixa contábil inferior a R$ 10 bilhões nos resultados prometidos para abril

Manchete 2: Documento apresentado pela estatal ao Tribunal de Contas da União em fevereiro aponta que somente o prejuízo relacionado ao Comperj, no RJ, foi estimado pela empresa em pelo menos R$ 44,8 bilhões. Nas contas da estatal, a desistência do projeto provocaria prejuízo ainda maior, de R$ 53 bilhões.

Grosso modo, apenas um projeto relacionado à Lava Jato indica prejuízo de R$ 44 bilhões, e talvez não chegue a ser uma Abreu e Lima... mas cogitar R$ 80 bilhões de baixa contábil é assunto proibido, e causa demissão (de CEO) na estatal.

Independentemente da metodologia aprovada, e do valor que será divulgado, a questão é muito mais subjetiva do que pode parecer.

Diante disso, pergunto: qual a credibilidade da baixa contábil da Petrobras?

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