MERCADO – O enfraquecimento do dólar frente às principais moedas, inclusive dos países exportadores de commodities, influenciou a discreta valorização das cotações futuras do café arábica nesta semana. Agentes de mercado também acompanham as condições climáticas no Brasil, avaliando a probabilidade de ocorrência de geadas no Sul do País e de precipitações que venham a dificultar a colheita, que ganhará volume nas próximas semanas.
As sucessivas divulgações de indicadores negativos relativos ao desempenho da economia dos Estados Unidos têm levado o dólar a perder força no mercado externo, tendência internalizada no Brasil. O fato da produção industrial norte-americana ter caído 0,6% em março ante fevereiro, porcentagem que superou as expectativas dos analistas, reforça a percepção de que o início da subida dos juros daquele País não está próximo.
Outro fato que merece atenção, pois influencia o mercado cambial, é o movimento de recuperação no preço do petróleo. Nos últimos 30 dias, o petróleo WTI, negociado na Bolsa de Nova York, apresentou valorização de 24%, direção seguida pela maioria das commodities negociadas na bolsa norte-americana. Essa tendência, em um cenário de baixa probabilidade de elevação dos juros da economia dos EUA, cria um ambiente favorável ao fortalecimento das moedas dos países exportadores de commodities, a exemplo do real brasileiro. Na quinta-feira, o dólar comercial encerrou a sessão a R$ 3,0167, acumulando queda de 1,7% na semana.
Em relação às condições climáticas no Brasil, estão previstas chuvas irregulares com baixos volumes acumulados para os próximos dias na Região Sudeste, segundo a Somar Meteorologia. Uma frente fria deverá atingir a Região Sul do País neste final de semana, mas não alcançará os cafezais do Paraná até o domingo.
Outro fator que afetou, em menor escala, o comportamento das cotações futuras do café arábica foi a redução dos estoques norte-americanos. A Associação de Café Verde dos Estados Unidos (GCA, em inglês) divulgou que o volume estocado apresentou redução de 116.443 sacas em março, para 5,035 milhões de sacas de 60 kg.
Na ICE Futures US, o vencimento maio do Contrato C foi cotado, ontem, a US$ 141,50 por libra-peso, acumulando alta de 365 pontos em relação ao desempenho da sexta-feira passada. Já na ICE Futures Europe, as cotações do robusta acumularam discreta queda. Ontem, o vencimento maio/2015 encerrou o pregão a US$ 1.827 por tonelada, com perdas de US$ 10 na semana.
O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) informou que as negociações com entrega futura do café arábica da safra 2015/16 estão em ritmo lento, devido, principalmente, à elevada volatilidade de preços observada nas últimas semanas. Os contratos firmados para entrega do café entre setembro e outubro de 2015 têm sido realizados entre R$ 460,00 e R$ 550,00 por saca. O quadro abaixo resume a situação da comercialização da próxima safra, por praça.
A instituição ressalta que, no mesmo período do ano anterior, a comercialização já superava os 30% do volume previsto de colheita em muitas praças, em função da forte valorização dos preços observada no primeiro trimestre de 2014.
Ontem, os indicadores calculados pelo Cepea para as variedades arábica e conilon foram cotados a R$ 450,22/saca e a R$ 294,59/saca, respectivamente, com variação de 2,6% e -0,8% em relação à última sexta-feira.
Atenciosamente,
Silas Brasileiro
Presidente Executivo