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Dois Cenários...

Publicado 10.06.2014, 12:04
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O mercado de açúcar em NY fechou a semana em baixa de 46 pontos no vencimento julho/2014 refletindo a falta de demanda crônica que invalida - pelo menos temporariamente - a ideia de que os preços internacionais vão se recuperar e considerar a menor moagem no Centro-Sul. O vencimento julho/2014 encerrou a sexta-feira negociado a 16.92 centavos de dólar por libra-peso. Todos os demais meses de vencimento fecharam no vermelho mostrando quedas entre 2 e 10 dólares por tonelada.

O que impressiona são os spreads negociados em NY. Em especial o julho/outubro e o outubro/março que apresentam um desconto anualizado de 20,13% e 14,79%, respectivamente. Das vezes que vimos tamanho desconto, o mercado acabou reagindo dramaticamente estreitando a diferença para níveis compatíveis com o custo financeiro médio do mercado e as despesas de armazenagem. 80 pontos de desconto entre os vencimentos julho e outubro é convidativo para os consumidores finais anteciparem suas compras. Afinal, o açúcar para entrega em outubro está 18 dólares por tonelada mais caro que o açúcar para entrega em julho. Assumindo que o consumidor tem como antecipar o recebimento, condições de armazenagem e – principalmente – fluxo de caixa, ele contaria com 18 dólares por tonelada para pagar armazenagem e custo financeiro de 3 meses !!! Se ele não antecipa é porque a demanda do seu lado também está desanimadora. Para as tradings, desde que possível realocar compras e casar recebimentos e entregas na bolsa nos livros, o jogo pode ser lucrativo.

O mercado de açúcar convive com dois cenários contraditórios. Um, a imutável agonia atual das negociações de açúcar para a exportação, cujos volumes minguam e ocorrem a passos de tartaruga sob os olhares de indiferença dos compradores e, o outro, a vida cor-de-rosa de melhores preços para o segundo semestre, pelos motivos já discutidos aqui nas últimas semanas. Quando o mercado carece de ventos altistas, qualquer resfriadinho vira pneumonia. A UNICA divulga um número de moagem de 39 milhões de toneladas, 4 milhões acima do mesmo período do ano passado, com pouca alteração no quadro geral, mas os baixistas potencializam as notícias e o que se viu foi o vencimento julho/2014 visitar as baixas das últimas seis semanas.

O etanol lá fora também ajudou. O contrato de etanol de Chicago derreteu seguindo o milho que apenas nos últimos 30 dias se desvalorizou em 12%. O real também contribuiu para pressionar NY. O valor de NY em reais por tonelada equivalente FOB Santos caiu para R$ 871,35. Muito baixo se olharmos as perspectivas nos próximos meses (moagem, El Niño, etc) e – principalmente – vendo que a média do ano é de R$ 885,39 e a média das fixações das usinas é R$ 925,59 por tonelada FOB.

A Agência Nacional do Petróleo divulgou o consumo mensal de combustíveis no mês de abril de 2014. Foi o segundo maior volume de consumo da história, só perdendo para o mês de dezembro/2013. Em abril, foram consumidos 4,726 bilhões de litros, dos quais, 1,902 bilhão de litros de etanol e 2,824 bilhões de litros de gasolina A (sem mistura). O acumulado de doze meses – recorde – alcançou 53,897 bilhões de litros, um crescimento anual de 8,40%. Esse crescimento deu-se praticamente no etanol, ou seja, dos 4,177 bilhões de litros adicionais do produto consumidos nesse período de doze meses. Hoje, o etanol representa 40,8% do combustível consumido no país (Ciclo Otto). Há um ano, esse percentual era de 35,7%.

Uma curiosidade sobre o mercado futuro de açúcar em NY: em 2010, o número de pregões cuja oscilação diária ultrapassara 2% (para cima ou para baixo) foi de 135. Sem dúvida, um ano de grandes oscilações. Em 2011, esse número caiu para apenas 96 pregões. Em 2012, menos oscilações ainda: 51. No ano passado, o mercado teve apenas 17 pregões com oscilações maiores que 2%, ou seja, até assistir partida de dominó pela TV era mais estimulante. Esse ano, até aqui, já temos 22 pregões.

O modelo desenvolvido pela Archer Consulting apurou que até dia 31 de maio, 16,2 milhões de toneladas de açúcar da safra 2014/2015 estavam fixadas pelas usinas (cerca de 60% do volume estimado de exportação por parte do Brasil). O valor médio das fixações é de 17,52 centavos de dólar por libra-peso, sem o prêmio de polarização. O modelo informa também que o valor médio de fixação em reais por libra-peso, sem prêmio de polarização, é de 40,35. O valor médio da taxa de câmbio conseguida pelas usinas no período é de 2,3036. Esse percentual é inferior ao dos últimos dois anos quando vimos 70% fixados em 2012/2013 e 67% em 2013/2014. Duas coisas podem estar motivando esse “atraso”: menor janela para fixação em função de restrições creditícias, ou seja, as tradings só deixam fixar mais próximo do embarque para não correrem risco de eventual inadimplência, e – com maior magnitude – o fato de as usinas estarem esperando o mercado contabilizar a percepção que se tem de menor moagem de cana e menor disponibilidade de açúcar. A conferir.

A Archer está promovendo o I Curso Avançado de Opções Agrícolas, atendendo a pedidos de vários segmentos do agronegócio. Serão dois dias de curso focados exclusivamente em opções sobre commodities agrícolas. O curso ocorre dias 29 e 30 de julho em São Paulo.

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