As escolhas de Donald Trump para os principais cargos de segurança nacional e política externa mostram uma equipe inclinada ao confronto com o Irã, enquanto os mercados financeiros globais permanecem despreparados para um potencial conflito militar.
Trump anunciou nomeações que reforçam uma postura dura em relação ao Irã e um apoio claro a Israel, destacando nomes como:
- Brian Hook (Chefe da equipe de transição no Departamento de Estado): conhecido por sua postura agressiva contra o Irã, liderou a política de “pressão máxima” da administração Trump.
- Mike Waltz (Conselheiro de Segurança Nacional): recentemente defendeu ataques a instalações nucleares e de exportação de petróleo iranianas.
- Elise Stefanik (Embaixadora na ONU): defensora fervorosa de Israel, deve apoiar ações militares contra o Irã e seus aliados regionais, como Hezbollah e Houthis.
- Mike Huckabee (Embaixador em Israel): apoia a anexação da Cisjordânia e a expansão dos assentamentos israelenses, além de negar a existência da Palestina.
- Pete Hegseth (Secretário de Defesa): argumenta que ataques direcionados à infraestrutura nuclear iraniana são necessários e apoia Israel em sua reivindicação de soberania na Cisjordânia.
- John Ratliff (Diretor da CIA): acredita que o Irã não pode ser contido por meios diplomáticos e defende medidas militares contundentes.
- Marco Rubio (Secretário de Estado): advoga por mudanças no regime iraniano e afirma que a diplomacia é insuficiente para conter o programa nuclear do país.
Essas escolhas sugerem que o governo Trump está se preparando para um possível conflito com o Irã, algo para o qual os mercados financeiros não estão devidamente precificados.
Duas leituras sobre a estratégia de Trump
- Paz pela força: a equipe pode ter sido formada para projetar poder e dissuadir o Irã de iniciar um conflito. Trump poderia buscar um acordo favorável por meio de intimidação, sem recorrer à guerra.
- Guerra como decisão prévia: outra interpretação é que o conflito já é considerado inevitável e o gabinete foi montado para executá-lo com eficiência, consolidando apoio dos EUA a Israel em uma guerra contra o Irã.
Impactos nos mercados
Enquanto Trump constrói sua equipe para um possível confronto, os mercados mostram complacência:
- Valorização excessiva: as ações estão próximas de máximas históricas, refletindo baixo prêmio de risco geopolítico.
- Petróleo subvalorizado: ações do setor energético têm múltiplos baixos, ignorando o risco de interrupções no fornecimento de petróleo.
Se o conflito se concretizar, os efeitos podem ser graves:
- Transtornos no mercado de petróleo: uma guerra entre Irã e Israel poderia reduzir a oferta global, elevando os preços do petróleo.
- Recessão global: o choque econômico decorrente do conflito pode desencadear uma desaceleração econômica em escala mundial.
- Queda nos mercados: correções acentuadas podem ocorrer nos mercados acionário e de renda fixa, dada a desconexão entre os riscos reais e os preços atuais.
Conclusão
As nomeações de Trump deixam claro que o governo está preparado para um possível conflito com o Irã, seja para evitá-lo pela força ou para gerenciá-lo como inevitável.
Seu portfólio está pronto para esse cenário?