Resposta aos EUA sobre o Pix é uma questão de US$ 37,6 bilhões

Publicado 18.08.2025, 10:30

Nas últimas semanas, a imprensa mundial tem divulgado amplamente diversos questionamentos do presidente americano sobre o Pix. Mas quais seriam os verdadeiros motivos?

Vamos esclarecer os fatos: o Banco Central trouxe uma importante inovação com a inserção do Pix no sistema de pagamentos instantâneos, representando ganhos de caráter econômico, comercial e financeiro.

Afinal, o Pix proporciona a eliminação de intermediários e a substituição de outros meios de pagamento, como a utilização do cartão de débito, e já provou sua capacidade de reduzir custos e gerar receitas para o país. Dessa forma, qualquer pressão que tenha como efeito reduzir ou mesmo frear o desenvolvimento do Pix e suas potencialidades terá como consequência prática significativos prejuízos reais aos cofres nacionais.

Para não me limitar a comentários genéricos, cito como exemplo o estudo Prime Time for Real Time, publicado em 2022 pela consultoria ACI Worldwide, em parceria com a empresa de dados e análises GlobalData e com o Centro de Pesquisa Econômica e Empresarial (Cebr). O estudo destaca que a adoção generalizada de pagamentos em tempo real, ainda no primeiro ano completo de funcionamento do Pix — ou seja, em 2021 — resultou em uma economia de custos estimada em US$ 5,7 bilhões para empresas e consumidores brasileiros. O relatório apontou ainda que esse resultado proporcionou a liberação de US$ 5,5 bilhões em produção econômica adicional, equivalente a 0,34% do PIB do país naquele período.

Na ocasião, os autores do levantamento trabalhavam com a expectativa de que o número de transações via Pix chegasse a US$ 82,4 bilhões anualmente até 2026, o que representaria uma economia líquida para consumidores e empresas de aproximadamente US$ 37,9 bilhões, contribuindo para gerar cerca de US$ 37,6 bilhões adicionais de produção econômica — equivalente a 2,08% do PIB.

Considerando que o total de transações realizadas via Pix ao longo de todo o ano de 2024 foi de aproximadamente US$ 63,51 bilhões, e que esse montante representou um crescimento de cerca de 52,4% em relação a 2023, quando foram processadas cerca de 41,6 bilhões de transações, é possível afirmar que as projeções do estudo de 2022 serão superadas com folga, e que a adoção do Pix contribuirá ainda mais para a economia do país.

Essa superação é totalmente compreensível, uma vez que, ao ser lançado, o Pix oferecia apenas a funcionalidade de pagamento à vista no momento da transação. Até o final deste ano, além dessa função, o meio de pagamento oferecerá aos usuários mais 13 serviços adicionais, que vão desde o troco até parcelamentos.

Em fevereiro, o mercado adicionou ao tradicional boleto com código de barras o BolePix, aumentando a liquidez das empresas com a eliminação do tempo de processamento.

Em 2024, o mercado passou a oferecer o Pix Agendado, que permite programar transferências para datas futuras — diferente do Pix tradicional, que é imediato —, e também o Pix Agendado Recorrente, modalidade que automatiza transferências recorrentes semanais ou mensais sem necessidade de agendamento manual. Ambas substituem o uso da TED, promovendo significativa redução de custos operacionais, tarifas e tempo para clientes.

Em junho de 2025 entrou em funcionamento o Pix Automático, que possibilita ao cliente autorizar uma empresa (pessoa jurídica) a debitar automaticamente valores — fixos ou variáveis — de sua conta em datas recorrentes, como mensalidades ou assinaturas. Essa modalidade substitui o DDA (Débito Direto Autorizado) e o débito automático de contas de consumo (água, luz etc.), com mais praticidade e segurança, envio de notificações e possibilidade de cancelamento da permissão a qualquer momento.

Em breve, o mercado lançará o Pix Parcelado, modalidade na qual o cliente/consumidor terá um limite em sua instituição financeira para parcelar compras via Pix. Essa modalidade poderá substituir grande parte das transações realizadas com cartão de crédito e eliminar custos de intermediação das bandeiras.

De toda forma, o Pix representa um grande avanço, com redução de tempo e eliminação das taxas de intermediação relacionadas ao processamento das transações. Nesse caso, o próprio mercado se encarregou de diminuir o peso para os vendedores ao consolidar a tendência de fixar o valor a ser pago por operação, em vez de vincular a taxa a um percentual da venda, como ocorre com cartões. Essa estrutura contribui para previsibilidade financeira e redução de custos para pequenos e médios negócios. Um exemplo prático é a adoção de uma taxa fixa de transação Pix de R$ 0,50, independentemente do valor processado nas maquininhas. Assim, um lojista que realize cerca de 1.000 vendas a R$ 300,00 pagará somente R$ 500,00 em taxas, enquanto, em modelos convencionais de percentuais em cartão de débito ou crédito, o custo aproximado seria de R$ 3.000,00.

O impacto do Pix é tão significativo que levou Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2008, a elogiar sua adoção em um artigo publicado em 22 de julho de 2025. Em sua coluna, Krugman levantou a provocativa pergunta: “Será que o Brasil inventou o futuro do dinheiro?”, afirmando que o Pix representa um ponto de referência global em inovação financeira, com transações quase instantâneas, baixo custo e ampla inclusão.

Defender a soberania do Pix significa reconhecer que sua trajetória até aqui comprova que o sistema é não apenas viável, mas essencial para o futuro da economia. Essa constatação impõe à sociedade brasileira o dever de garantir a continuidade de seu sucesso, mantendo um ambiente estável, seguro, acessível, aberto à inovação e controlado apenas por aqueles que tiveram o brilhantismo de sua invenção: OS BRASILEIROS.

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