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Economia em Espera

Publicado 06.03.2019, 19:43

A impressão que se tem é que o “núcleo duro” do governo, formado pelos militares, segue tentando moderar o discurso, apagar os incêndios criados pelo presidente, mas este não se controla. Jair Bolsonaro continua em campanha “quixotesca”, lutando contra seus inimigos, imaginários ou não. Alguns bons quadros do governo tentam “relativizar” as ações desastradas do presidente, mas nem sempre com sucesso. Algo diz que isso não deve terminar bem. Não que ele não completará seu mandato, algo muito extremo, mas muito estrago ainda deve ocorrer no meio do caminho, até 2022.

A reforma da Previdência, por exemplo, um trabalho hercúleo de engenharia econômica, no esforço de tentar ser abrangente, da equipe ministerial, e o presidente com uma série de “pitacos”, totalmente fora de contexto e sem balizamento nenhum. Ele mesmo, nas suas intervenções, já trata de “desidratar” a reforma, antes de chegar as Comissões, aos parlamentares. Se o próprio presidente não acredita, porque os parlamentares iriam acreditar? Na verdade, são vários desmentidos, vários recuos, que mais mostram vacilos de um governo titubeante do que alguma estratégia. A impressão que se tem é que existe uma certa “paranoia” no Planalto e, de certa forma, os filhos e o presidente contribuem para isso.

Na economia isso se reflete numa certa paralisia das decisões, afetando no ritmo de atividade. Pelo PIB do ano passado, tivemos o ritmo mais lento de recuperação da história, sem euforias ou ondas de otimismo.

O crescimento chegou a 1,1%, repetindo o ano anterior e contra os dois anos (2015/2016) de queda forte (-3,3% e -3,5%). Depois deste mergulho recessivo pesado de dois anos, a recuperação em oito trimestres não passou de 3,4%, bem menos do que em todas as recessões já ocorridas. Entre 1981 e 1983, depois de um mergulho de 8,5%, a economia cresceu 11,7% nos oito trimestres seguintes e de 1989 a 1992, depois de recuar 7,7%, houve retomada de 8,4% nos dois anos seguintes. Ou seja, não temos uma recuperação sob a forma de “V”, muito pelo contrário, é um “U preguiçoso”. O que justifica este estado de coisas?

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Continuamos “encalacrados” numa sociedade profundamente polarizada, em que segmentos da imprensa se sentem alijados e por isso operam contra o governo, não importando o tema tratado, boa parte das universidades públicas está sim “aparelhada”, o mesmo acontecendo nos serviços públicos. Para piorar, o governo Bolsonaro não consegue sair das armadilhas, ora criadas por ele mesmo, ora por estes atores citados, sem contar o bloco oposicionista do Congresso. São crises e mal entendidos diários. Como fazer a máquina pública funcionar, o governo avançar nas suas agendas neste clima de desconfiança permanente? Difícil, muito difícil. E isso se reflete nas decisões dos agentes econômicos, em modo espera em relação à reforma da Previdência. Está tudo parado, no seu aguardo.

Falando ainda sobre o desempenho do PIB, o crescimento no ano veio com os Serviços em destaque, crescendo 1,3%, impulsionado por alguma recuperação de renda do Comércio, com a Indústria avançando 0,6% e o setor agropecuário 0,1%, neste caso, não avançando tanto, pelo patamar já elevado do ano anterior (12,5%).

Justificando este desempenho mais fraco que o esperado o agravamento da crise da Argentina, afetando nossas exportações; a greve dos caminhoneiros em maio, pelo impasse gerado; incertezas das eleições, extremamente polarizadas, e o desemprego ainda elevado. O crescimento de 1,1% foi menos concentrado na Agropecuária do que em 2017. O PIB Industrial teve a primeira alta desde 2013, mas o avanço de apenas 0,6% foi minado por uma freada no segundo semestre. Por outro lado, com o bom resultado nos segmentos de veículos automotores, papel e celulose, farmacêutica, metalurgia e máquinas e equipamentos, as indústrias de transformação cresceram 1,3% ao fim do ano passado.

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Já o crescimento de 4,1% nos Investimentos, depois de recuar 12,1% em 2016 e 2,5% em 2017, acabou possível por uma “questão estatística”, já que aumentaram as importações de bens de capital para as plataformas de petróleo. O avanço de 1,9% no Consumo das Famílias, depois de 1,4% em 2017, acabou como o motor do crescimento pelo lado da demanda, porém com emprego e renda ainda em baixa. O desemprego no País, pelos dados do IBGE, chegou a 12% da PEA em janeiro, com 12,7 milhões de pessoas fora do mercado, ainda muito elevado.

A infraestrutura, diretamente atingida pelos cortes no investimento público, acabou como o principal responsável pelo desempenho negativo do PIB da construção civil, sendo esses cortes mais fácil de executar. Componente da Indústria, a construção civil recuou 2,5% no ano, a menos intensa em 5 anos de queda.

Cabe observar também que o Setor Externo acabou contribuindo negativamente para o desempenho do PIB, pelo crescimento das exportações em apenas 4,5% contra 8,5% das importações. Sem dúvida que este fraco desempenho das exportações se justifica pela crise na Argentina, afetando principalmente o setor automotivo e bens de capital.

Importante também considerar o crescimento fraco do PIB no quarto trimestre, 0,1%, com a Indústria recuando 0,3%, o setor Agropecuário só avançando 0,2% e o Comércio recuando 0,1%. Claramente, as eleições tiveram uma influência neste movimento mais fraco da economia, assim como os rescaldos da greve dos caminhoneiros, abalando a confiança dos agentes.

Este desempenho mais fraco da economia, no final de 2018, nos leva a acreditar num início de 2019 na mesma toada, pelo aguardo dos agentes em relação aos desdobramentos da reforma da Previdência.

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Dependendo dela, podemos projetar o crescimento acima de 2,4%, caso esta saia de acordo com o projeto enviado por Paulo Guedes, caso contrário, para menos, abaixo de 2,4%, se a reforma for um fiasco, ou seja, “vazar água” para todos os lados.

Estudos obtidos no mercado sinalizam que se a reforma não passar, “o desemprego, atualmente de 12%, crescerá para algo em torno de 15% da PEA, o brasileiro ficará mais pobre, a taxa de juros básica (Selic) subirá para cerca de 18,5% ao ano e o país perderá, em média, 2,9% de PIB nos próximos cinco anos”. Que a sociedade, o Congresso, o governo, todos, estejam cientes desta responsabilidade.

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