Governo pode manter isenção de LCA e LCI para aprovar compensação do IOF
As eleições legislativas dos Estados Unidos, previstas para novembro de 2026, parecem distantes no calendário político. No entanto, investidores atentos sabem que a política americana costuma se antecipar nos preços de ativos muito antes do primeiro voto ser depositado. A disputa entre democratas e republicanos, que definirá o controle do Congresso, já começa a influenciar o dólar, os juros e a alocação de capital em mercados emergentes, incluindo o Brasil.
O pano de fundo fiscal e o Fed
O déficit público americano, que ultrapassa 15%% do PIB em 2025, é um dos grandes pontos de tensão. Mesmo tendo aumentado sua arrecadação em impostos alfandegários decorrentes das tarifas impostas pelo Presidente Donald Trump. Com uma dívida tao alta, qualquer mudança no Congresso pode alterar a percepção sobre a sustentabilidade fiscal do país. Uma vitória republicana expressiva poderia sinalizar maior disciplina nos gastos, reforçando a confiança nos Treasuries. Já uma maioria democrata tende a priorizar estímulos em infraestrutura, energia limpa e programas sociais, o que aumentaria a emissão de dívida e poderia manter o Federal Reserve mais cauteloso em relação a cortes de juros.
Nesse contexto, o Fed se vê num dilema: se afrouxar a política monetária diante de um Congresso expansionista, pode reacender pressões inflacionárias; se endurecer demais, pode travar a recuperação econômica global.
Impactos nos ativos globais
O reflexo imediato está no dólar. Um Congresso mais alinhado ao ajuste fiscal tende a valorizar a moeda americana, pressionando commodities e reduzindo a atratividade de mercados emergentes. Já um cenário de mais gastos pode enfraquecer o dólar, mas impulsionar ativos de risco como ações ligadas a infraestrutura, energia e tecnologia verde.
Nos Treasuries, qualquer sinal de instabilidade fiscal amplia o prêmio de risco. Isso significa juros longos mais elevados, com impacto direto no custo de capital global e no valuation das bolsas.
Efeitos sobre o Brasil e emergentes
Para países como o Brasil, os efeitos são duplos. De um lado, juros mais altos nos EUA drenam liquidez internacional, elevando a pressão sobre o câmbio e limitando a capacidade de corte da Selic. De outro, um dólar mais fraco e políticas democratas expansionistas podem elevar a demanda por commodities, favorecendo exportadores brasileiros de petróleo, minério e soja.
Além disso, a volatilidade no cenário americano pode aumentar a aversão ao risco em mercados emergentes, exigindo mais cautela dos investidores estrangeiros em relação à B3. Isso significa que os ativos brasileiros podem se tornar mais sensíveis às pesquisas eleitorais americanas do que aos próprios fundamentos domésticos.
O que observar daqui para frente
Embora a eleição ainda esteja a mais de um ano de distância, os próximos meses devem trazer definições cruciais: as prévias partidárias, o discurso sobre o teto da dívida e o posicionamento do Fed diante de um Congresso cada vez mais polarizado.
Para o investidor, o recado é claro: ignorar o peso da política americana é arriscado. Monitorar não apenas o resultado final, mas também o desenrolar da disputa, pode gerar oportunidades em câmbio, commodities e bolsa – mas também riscos relevantes.
Em um mundo globalizado, onde o dólar segue sendo a moeda de reserva, as eleições de 2026 nos EUA não são apenas um evento político doméstico: são um divisor de águas para os mercados financeiros mundiais.