Market friendly (às avessas)...
... agora em âmbito estadual.
Voltando um pouco no tempo, quatro anos atrás, as ações de Copel (CPLE6) encontraram um gatilho - e um consequente rali de preços - eleitoral.
Beto Richa, líder nas pesquisas para o governo paranaense, era visto como um candidato muito mais amigável à iniciativa privada do que o então governador Roberto Requião.
De volta para o presente, hoje as ações da Copel caem mesmo após a empresa receber a notícia de que a agência reguladora (Aneel) permitiu um reajuste gordo de tarifas, da ordem de 35,5% (!).
Também, pudera...
Em que mundo ele está vivendo?
Se existe algo pior do que a possibilidade de congelamento de tarifas talvez seja a surpresa de Richa com a decisão. Todo mundo falava sobre o pedido da empresa e a possibilidade de um reajuste da ordem de 36% em suas tarifas. Falar em surpresa é chamar o mundo inteiro de idiota.
Nosso Vida PRO mencionou a possibilidade de reajuste dessa magnitude, alertando também para a possibilidade de: “mesmo que a Aneel venha conceder tamanho incremento, não há garantias de que ele venha a ser implantado, com um embate político grande no entorno da questão”.
A propósito, o governo do Paraná, que está barrando o reajuste para a empresa, é o principal acionista de Copel, e tem o irmão de Beto Richa, José Richa Filho (secretário de Transportes, Infraestrutura e Logística do estado), no Conselho de Administração.
Fica a dica: uma coisa é a decisão técnica do reajuste, outra - beem diferente - é decisão política sobre a decisão técnica.
Falando em controle de preços...
Dentre os grandes eventos desta terça-feira, também rola a reunião do Comitê de Política energética para aprovar um aumento no percentual de etanol na gasolina. A proposta é levar o etanol na mistura de 25% para 27,5%.
A surpresa aqui não recai sobre o conteúdo em si, mas sobre a manobra. Trata-se de mais um “puxadinho” com impacto limitado e meramente pontual sobre a base de custos de sucroalcooleiras (como as listadas SMTO3, CSAN3, BSEV3) e Petrobras (PETR4).
Não será um pouco mais de etanol na gasolina que resolverá o problema destas empresas.
Solução definitiva? Somente quando liberarem a prática de preços de mercado para os combustíveis. Ou, quando os índices de inflação deixarem.
Falando de descontrole de preços...
Depois de tocar nos US$ 90 por tonelada, o preço do minério começa a questionar a tendência de queda, com cinco sessões de alta seguidas.
Fica a dica: uma coisa é tocar a casa de US$ 90, outra bem diferente é se sustentar nestes patamares.
E para calcular a média do ano, não podemos esquecer que o minério de ferro operou o primeiro trimestre acima de US$ 120/ton.
Além disso, há de se ponderar que o preço de realização da Vale não é o preço à vista do mercado chinês, mas sim de uma cesta envolvendo contratos mensais, anuais, à vista...
A tese do produtor marginal
Falando nisso, a imprensa começa a chamar atenção para um ajuste no mercado de minério de ferro que vínhamos conversando há um bom tempo...
Caso a tendência de recuperação do preço do minério de ferro se confirme, aposto que as projeções dos analistas começarão a ser revisadas para cima, como vem ocorrendo com as projeções para a economia chinesa após os dados mais recentes (positivos).
Mais volátil do que o preço das matérias-primas, talvez só o mercado de projeções para os preços de matérias-primas, numa eterna corrida atrás do rabo.
Para visualizar o artigo completo visite o site da Empiricus Research.