Os ativos de renda variável, no geral, não tiveram um bom mês em agosto/23, com exceção dos fundos imobiliários. O IFIX, principal índice da B3 (BVMF:B3SA3) para os FIIs, apresentou alta de +0,49% no período, com destaque para os fundos de papel, representados pelo ITrix Papel, que valorizou +0,78% em agosto/23, enquanto os fundos de tijolo rentabilizaram +0,24%, de acordo com a performance do ITrix Tijolo.
Quando olhamos, porém, para o período de 12 meses percebemos que os fundos de tijolo seguem puxando a alta do IFIX nesse período, já que o ITrix Tijolo valoriza +10,46% nesse intervalo, enquanto o ITrix Papel apresenta alta de +6,02%. O Ibovespa desvalorizou -5,09% em agosto, em um movimento de pessimismo e realização de lucros dos investidores, após 4 meses de valorizações expressivas. Os títulos de renda fixa de longo prazo indexados a inflação e o real também se desvalorizaram no mês, com o IMA-B 5+ e o dólar americano apresentando variações de -1,27% e +3,80% no mês, respectivamente.
* Calculado pro-rata die, de acordo com o último índice divulgado. **Os índices ITrix são calculados a partir da ponderação de segmentos de FIIs que fazem parte do IFIX.
O mês foi marcado pelo ceticismo dos investidores no mercado internacional com as 2 principais economias do mundo. Nos EUA, a situação fiscal altamente expansionista e, aparentemente, descontrolada, fez com que a agência de rating Fitch rebaixasse a nota de crédito soberano, levando as taxas das Treasuries americanas a subirem aos maiores níveis desde 2007, pressionando o desempenho do mercado de ações, de câmbio e de renda fixa globalmente.
Já a China, vem apresentando números decepcionantes em relação ao desempenho da economia, com os dados apresentando forte desaceleração de importações e exportações, além de deflação (-0,3%) no período dos últimos 12 meses até julho/23. Some-se a isso, novas preocupações em relação a fragilidade do setor imobiliário, um dos principais vetores de crescimento da economia chinesa nas últimas décadas, e o desapontamento dos investidores em relação as medidas de estímulos a economia apresentadas pelo governo chinês.
No início do mês de agosto, o COPOM reduziu a taxa Selic em 0,50% para 13,25% ao ano. A decisão do Comitê foi dividida, porém a ata da reunião deixou a entender que o ritmo de corte da taxa básica da economia brasileira deve se manter em 0,50% para cada uma das 3 últimas reuniões que ainda devem ocorrer em 2023, o que levaria a Selic para 11,75% no final de 2023.
O mercado tem acompanhado os dados de inflação e do desempenho da economia interna para achar brechas para que o ciclo de cortes da Selic seja acelerado para 0,75% nas próximas reuniões, cenário que no momento parece bastante difícil, já que os últimos dados divulgados sobre a inflação e sobre o PIB vieram acima do esperado. Além disso, a alta das taxas dos títulos soberanos americanos também é motivo de preocupação, já que acaba sendo uma referência para a taxa praticamente todas as economias do mundo.
Independentemente disso, o início de corte da taxa Selic é uma notícia positiva e muito aguardada pelos investidores de fundos imobiliários, que devem começar a sentir os efeitos da apreciação dos valores patrimoniais dos FIIs, principalmente para aqueles que investem em tijolo. Além disso, o ciclo apenas começou e deve se estender pelos próximos meses (talvez anos), o que deve impulsionar o ciclo do mercado imobiliário como um todo.