Sojicultores consultados pelo Cepea estão retraídos nas vendas envolvendo grandes lotes de soja. Parte dos vendedores prefere enviar a oleaginosa para o porto em detrimento do mercado doméstico, favorecido, inclusive, pelo transporte de retorno com adubo entre o porto e as regiões produtoras. Além disso, a valorização do dólar frente ao Real atraiu compradores externos. Os Indicadores ESALQ/BM&FBovespa da soja Paranaguá (PR) e CEPEA/ESALQ Paraná avançaram 2,4% e 1,2%, respectivamente, entre 9 e 16 de agosto, fechando a R$ 85,62 e a R$ 78,53/sc de 60 kg no dia 16. A retração vendedora se deve aos baixos estoques de soja. Segundo dados do USDA, a relação estoque/consumo final deve ter queda de 15,77% na atual temporada (até set/19), o menor volume desde a safra 2015/16.
MILHO: QUEDA EXTERNA PRESSIONA COTAÇÕES NOS PORTOS BRASILEIROS
As desvalorizações internacionais do milho pressionaram as cotações do cereal nas regiões dos portos brasileiros, movimento que acabou sendo repassado à maioria das demais regiões acompanhadas pelo Cepea. Isso porque, atento às quedas nos portos, compradores se retraíram do mercado, à espera de novos recuos nas próximas semanas. Além disso, com a colheita próxima do fim, a expectativa é de que os fretes, até então mais altos, também pressionem os valores do milho. Vendedores, por sua vez, estão desinteressados em negociar grandes lotes e aproveitam o tempo favorável para finalizar a colheita da segunda safra – muitos optam por comercializar a soja. Diante disso, a liquidez esteve baixa nesta semana. Entre 9 e 16 de agosto, as maiores quedas nos preços foram observadas nos portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR). O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) fechou a R$ 36,14/sc de 60 kg na sexta, recuo de 1,2% em sete dias.
MANDIOCA: ESTIAGEM INTERROMPE COLHEITA E PREOCUPA MANDIOCULTORES
As lavouras de mandioca atualmente disponíveis para colheita são as que foram plantadas desde meados de 2018, caracterizadas como raízes de 1º ciclo. Mesmo assim, produtores consultados pelo Cepea, especialmente aqueles com necessidade de se capitalizar, têm mostrado interesse na comercialização. As dificuldades encontradas estiveram relacionadas especialmente ao clima seco, que interrompeu a colheita e o plantio e preocupa produtores que realizaram o plantio em semanas anteriores. Na semana anterior, houve expressiva diminuição na oferta de raízes para as fecularias, inclusive para as que buscaram se abastecer em áreas mais distantes. Aquelas que não optaram por esta alternativa – e que dispõem de estoques – chegaram a interromper as atividades, tendo em vista a realização de manutenção. Assim, as variações de preços se divergiram dentre as regiões, fato que é incomum. A média semanal a prazo para a tonelada de mandioca posta fecularia ficou em R$ 311,30 (R$ 0,5414 por grama de amido na balança hidrostática de 5 kg) de 12 a 16 de agosto, ligeira queda de 0,1% frente ao valor médio do período anterior.
BANANA: PREÇOS DA NANICA E DA PRATA SEGUEM ELEVADOS
Entre 12 e 16 de agosto, as cotações das bananas nanica e prata na região de Bom Jesus da Lapa (BA) continuaram em alta. Com a baixa oferta de ambas as variedades na roça, bananicultores consultados pelo Cepea conseguiram aumentar os valores e comercializar a nanica na média de R$ 2,00/kg (+16%) e a prata a R$ 1,64/kg (+17%). Apesar disso, colaboradores do Cepea relataram que, embora as plantações sejam irrigadas, os bananais na região precisam de água para melhor desenvolver o fruto. Como não chove no perímetro por pelo menos dois meses, segundo o Inmet, a qualidade da fruta comercializada foi afetada, refletindo em um fruto mais fino, com menor valor agregado.