Publicado originalmente em inglês em 15/07/2021
Após uma disparada de mais de 450% em 2020, o rali meteórico das ações da Moderna (NASDAQ:MRNA) (SA:M1RN34) continua neste ano.
Impulsionados pelo desenvolvimento de uma vacina bem-sucedida contra a Covid-19, seus ganhos têm sido tão fortes que esta biofarmacêutica de apenas 11 anos aproxima-se agora de um valor de mercado de US$ 100 bilhões.
O papel saltou quase 5% na quarta-feira, atingindo a cotação recorde de US$246,92, antes de fechar a US$246,40, o que concede a esta empresa sediada em Cambridge, Massachusetts, uma capitalização de US$ 99 bilhões.
Esse elevado valuation, que coloca a Moderna no mesmo clube de gigantes farmacêuticas globais, como Sanofi (NASDAQ:SNY) e GlaxoSmithKline (NYSE:GSK), também levanta importantes questões: Para onde vão as ações da MRNA a partir de agora?
A resposta a essa questão depende muito da trajetória da crise mundial de saúde e da capacidade da empresa de ir além das vacinas, a fim de destravar todo o potencial da tecnologia de mRNA, na qual se baseia sua vacina contra a Covid, como remédio para outras doenças. Por enquanto, as previsões dos analistas para as vendas de curto prazo da companhia variam muito.
De acordo com estimativas de consenso publicadas no Investing.com, a maioria dos analistas pesquisados recomenda compra na ação, mas existe uma minoria significativa que não compartilha da mesma convicção.
A Moderna, que tinha vendas nominais antes da pandemia, pode gerar uma receita entre US$13 bilhões e US$22 bilhões em 2021, segundo as previsões dos analistas. Mas, além deste ano, prever as vendas de vacinas fica mais complicado.
Karen Andersen, analista da Morningstar, disse em entrevista à Bloomberg que o mercado de vacinas pode superar US$72 bilhões em todo o mundo neste ano e depois cair para US$65 bilhões em 2022 e US$8 no ano seguinte.
“A extensão da queda dependerá da necessidade das doses de reforço, bem como da capacidade da Moderna, Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) e outras biofarmacêuticas de elevar os preços para compensar o mercado menor”, afirma a reportagem.
Valuation já atingiu seu pico?
Analistas que cobrem empresas de biotecnologia dizem que, nesses casos, elas atingem seu pico quando seu valor de mercado equivale a quase 10 vezes suas vendas futuras no período de três a cinco anos.
Se aplicarmos essa regra à Moderna, percebemos que a companhia já pode estar no seu valuation de pico, sendo, portanto, difícil que a ação continue subindo a partir destes níveis. Empresas altamente diversificadas, como Alexion (NASDAQ:ALXN) (SA:A1LX34) e Gilead (NASDAQ:GILD) (SA:GILD34), mostraram aos investidores uma trajetória similar após lançarem medicamentos de sucesso.
A Gilead, por exemplo, introduziu um medicamento muito bem sucedido contra a hepatite C no fim de 2013 e viu suas vendas dispararem para US$19 bilhões em 2015, mas depois elas começaram a recuar com o aumento da concorrência. O valor da Gilead seguiu a mesma trajetória, caindo cerca de US$100 bilhões em relação ao pico de quase US$180 bilhões.
Após a pandemia da Covid-19, os executivos da Moderna estão otimistas com sua tecnologia, que pode oferecer a cura para outras doenças respiratórias infecciosas, como o vírus sincicial respiratório e o citomegalovírus, além de outras terapias para enfermidades como câncer e doenças inflamatórias.
Mas outras inovações podem não gerar resultados tão rápidos quanto os registrados durante o período de autorização emergencial das vacinas de Covid. A maioria das vacinas experimentais da Moderna está ainda em seus primeiros estágios de testes clínicos em humanos, exceto o imunizante para o citomegalovírus. Se for eficaz, esse produto pode gerar uma receita multibilionária. A Moderna também planeja realizar ensaios clínicos neste ano para outra vacina contra o vírus Epstein-Barr, que causa a mononucleose.
Conclusão
As ações da Moderna foram uma excelente aposta para os investidores que embarcaram cedo no papel. Seu caminho futuro, entretanto, ainda é incerto, após uma disparada tão forte, que fez sua cotação ir além dos fundamentos das vendas futuras de vacinas.