- Os mercados seguem voláteis, com as megacaps de tecnologia se recuperando, mas a incerteza geral ainda persiste.
- Os dados de inflação e as tarifas continuam influenciando o sentimento do investidor, com o IPP ganhando destaque após a leitura mista do IPC.
- O Nasdaq 100 encontra suporte em níveis técnicos-chave, mas uma recuperação sustentada exige sinais mais fortes de confirmação.
Wall Street conseguiu uma recuperação moderada após a divulgação de um índice de preços ao consumidor (IPC) abaixo do esperado. No entanto, isso não trouxe grande impulso para os contratos futuros durante o pregão asiático, deixando os investidores europeus sem muitos motivos para otimismo no início do dia. Em determinado momento, os contratos futuros do Nasdaq chegaram a cair cerca de 385 pontos em relação à máxima do dia anterior, um recuo próximo de 2%.
O início do pregão não foi dos mais animadores, mas, conforme a sessão europeia avançava, investidores voltaram a buscar oportunidades de compra, impulsionando os contratos futuros dos índices.
Nos últimos dias, o mercado tem tentado formar uma base de sustentação, com forte valorização das big techs. Na quarta-feira, a Nvidia (NASDAQ:NVDA) subiu 6,4% e voltou a operar acima de US$ 115, enquanto a Tesla (NASDAQ:TSLA) avançou 7,6%. Já a AMD (NASDAQ:AMD) subiu 4,1%, retomando o patamar dos US$ 100. Apesar da volatilidade, esses sinais indicam um possível caminho para a recuperação, embora seja necessário mais confirmação para afirmar que um fundo foi formado.
Mais dados de inflação a caminho
Após a leitura mais branda do IPC, o foco do mercado agora se volta para os números do IPP (índice de preços ao produtor) e os pedidos semanais de seguro-desemprego. O IPP pode ter um peso ainda maior para os investidores, dada sua relação estreita com o índice de preços de gastos com consumo (PCE), a métrica de inflação preferida pelo Federal Reserve.
Um desvio maior dos números esperados pode alterar as expectativas sobre os próximos passos do Fed, tornando a divulgação ainda mais relevante. O consenso aponta para altas de 0,3% tanto no IPP geral quanto no núcleo do IPP na comparação mensal.
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Além disso, o mercado observará atentamente a pesquisa da Universidade de Michigan, que será divulgada na sexta-feira. No mês passado, o índice de confiança do consumidor teve uma queda acentuada, aumentando preocupações sobre o impacto das políticas comerciais de Trump na percepção econômica. A pesquisa, baseada em cerca de 420 entrevistados, ajudará a avaliar a tendência da confiança dos consumidores.
Outro ponto de atenção será a métrica de expectativas de inflação, que subiu de 3,3% para 4,3% na última leitura. Esse dado pode influenciar o rumo da política monetária, à medida que investidores avaliam o impacto sobre o sentimento do mercado.
A incerteza persiste
Embora o IPC mais fraco tenha trazido certo alívio, os dados não foram o fator decisivo que alguns esperavam. A desaceleração da inflação ficou concentrada no setor de serviços, o que limita seu impacto sobre o PCE, o indicador mais relevante para o Fed.
Além disso, os números de fevereiro ainda não refletem totalmente os impactos das novas tarifas impostas por Trump. Mesmo assim, o Fed não deve agir de forma apressada para cortar juros. Com as incertezas persistindo em relação à política comercial e imigração, os formuladores de política precisarão de dados mais consistentes antes de qualquer decisão definitiva.
Essa cautela se refletiu na movimentação cambial após a divulgação do IPC, com o dólar se recuperando. No fim das contas, a principal preocupação dos mercados não é apenas a inflação, mas também o crescimento – ou a falta dele.
Tarifas seguem como um risco importante
As oscilações do mercado continuam sendo influenciadas por declarações e ações de Trump sobre tarifas comerciais. Ontem, por exemplo, as bolsas caíram no meio da sessão após o Canadá anunciar tarifas sobre US$ 21 bilhões em produtos americanos, mas conseguiram se recuperar depois que Trump recuou de uma nova tarifa de 25% sobre exportações canadenses. Isso reacendeu a esperança de que ainda haja espaço para negociações comerciais.
No entanto, agora a Europa está na mira de Trump. A ameaça da União Europeia de adotar contramedidas foi recebida com um aviso direto dos EUA sobre a possibilidade de retaliação. Resta saber se Trump seguirá a mesma abordagem adotada com Canadá e México – recuar após ameaçar – ou se optará por um caminho mais rígido, como fez com a China, escalando tarifas de forma agressiva.
Enquanto isso, as tarifas de 25% sobre importação de aço e alumínio entraram em vigor ontem, gerando respostas imediatas da União Europeia e do Canadá, que adotaram medidas retaliatórias.
Recuperação sustentável à vista?
O mercado tem tentado – sem sucesso – reverter a tendência de queda nas últimas sessões. No entanto, com as megacaps de tecnologia apresentando forte recuperação e os índices operando em condições de sobrevenda no curto prazo, o Nasdaq 100 pode finalmente iniciar um movimento mais sólido de alta?
Uma característica marcante do longo ciclo de alta das bolsas tem sido a agressividade dos investidores na compra de quedas, impulsionando os índices para novas máximas. Apesar dos desafios macroeconômicos – desde o crash da Covid até a inflação elevada de 2022, passando pelo colapso das operações de carry trade com o iene em 2024 e a invasão da Ucrânia – os investidores sempre encontraram razões para voltar ao mercado. Agora, a grande questão é se estamos à beira de uma nova recuperação ou se uma correção mais profunda ainda está por vir.
Nos últimos dias, os futuros do Nasdaq 100 têm encontrado suporte na faixa de 19.150 a 19.400 pontos, região que coincide com o nível de retração de 61,8% de Fibonacci do último grande rali iniciado em agosto. Com o RSI diário em território de sobrevenda, o cenário favorece uma retomada.
Pela frente, a primeira resistência está em 19.765 pontos, nível mínimo registrado na sexta-feira, rompido após a forte queda de segunda-feira. Acima desse patamar, o índice enfrentaria desafios no nível psicológico dos 20.000 pontos e na média móvel de 200 dias, localizada próximo de 20.385 pontos. Caso os compradores de correção voltem a atuar com força, essas faixas poderão ser testadas nas próximas sessões.
Por outro lado, se a pressão vendedora retornar, o índice pode buscar o nível de 18.800 pontos e, em um cenário mais pessimista, o suporte de 18.437 pontos, que corresponde ao nível de retração de 78,6% de Fibonacci.
Diante desse contexto, o viés agora passa a ser mais favorável a uma recuperação do que à continuidade da correção, que já vinha sendo aguardada e se concretizou neste mês.
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