Fala Comigo Faria Lima!
No Brasil, até a política monetária virou espetáculo de aposta: Começamos o dia como quem assiste ao “jogo do foguetinho”, com emoção, risco e nenhuma certeza de que vai dar bom. A diferença? Em vez de perder vinte reais tentando ficar rico em dois segundos, a gente perde anos de crescimento tentando entender a lógica do Copom.
Nesta semana, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu aumentar a taxa Selic para 14,25% ao ano.
Sim, você não leu errado: subiu.
O Banco Central está jogando como um apostador da Blaze: mira alto, mas corre o risco de ver tudo explodir antes de sacar.
O Banco Central justificou a alta como uma resposta ao risco inflacionário persistente. Na prática, é o equivalente a jogar um balde de água fria no foguete da economia e dizer que é para ele subir devagar. Afinal, crescimento rápido demais dá medo – e inflação descontrolada, mais ainda. Mas será que estamos mesmo num risco tão grande assim, ou o Copom simplesmente está no modo "apostador conservador", sacando no 1.05x por medo da explosão?
A decisão vem num momento em que o Banco Central tenta parecer firme, técnico e sensato, mas a sensação é a de que estamos vendo um piloto automático programado em 2002, recitando “meta de inflação” como um mantra sagrado. É quase como se tivessem convocado David Ricardo para checar se os preços dos legumes da feira obedecem ao equilíbrio geral.
Mas não vamos ser injustos — nem todo mundo no BC vive na bolha da teoria. Alguns até parecem ter lido Keynes e entenderam que em tempos de desaceleração, não dá pra brincar de "pau de selfie" com a taxa de juros. Só que aí vem aquela dúvida: será que o Brasil é mesmo um país que consegue crescer com juros menores, ou será que é como aquele jogador que aposta no 1.98x e saca no 1.2x, só pra garantir que não vai perder?
A escola austríaca provavelmente diria: "não mexa nos juros, deixe o mercado corrigir sozinho!" — o que no Brasil significa basicamente deixar o povo corrigir o orçamento com miojo e fiado no mercado. Enquanto isso, Marx, lá do cantinho, sorri vendo o capital financeiro ditar o ritmo do foguete, com o trabalhador segurando a fuselagem.
E claro, temos os monetaristas, que adorariam ver o foguete parado no chão, desde que a inflação fique nos 3%. Crescimento? Isso a gente resolve numa PEC depois.
A verdade é que o Copom insiste num modo ultraconservador, confiando que a “mão invisível” de Adam Smith opere milagres — ignorando que, por aqui, o que move a economia é mais a mão visível do improviso do que qualquer lógica de mercado, enquanto o mundo lá fora já está ajustando a gravidade. O Brasil insiste em sacar cedo demais, com medo da explosão — mas talvez precise justamente de mais coragem pra subir um pouco mais. Só não vale esperar o 4x da multiplicação econômica e explodir no 1.5x do risco fiscal.
Com o aumento da Selic para 14,25%, o impacto na Bolsa de Valores (B3 (BVMF:B3SA3)) e nos investimentos em geral é direto e profundo.
1. Bolsa de Valores (Ibovespa)
Juros altos são como gravidade para a Bolsa.
- Ações tendem a cair, principalmente setores como varejo, construção civil e tecnologia, que dependem de crédito barato e crescimento da economia.
- Empresas com fluxo de caixa no longo prazo ficam menos atrativas, já que o “dinheiro garantido” na renda fixa está pagando bem.
- Investidores institucionais tiram dinheiro da bolsa e voltam para o Tesouro Selic de cabeça erguida.
Com a Selic a 14,25%, o mercado aciona o botão de “sacar” no Ibovespa e corre para o CDB do bancão pagando 110% do CDI.
2. Renda Fixa
A estrela da vez.
- Títulos pós-fixados (Tesouro Selic, CDBs, LCIs, LCAs) ficam extremamente atraentes: baixo risco e alta rentabilidade.
- Pré-fixados também podem atrair, mas exigem bom timing.
- Inflação sob controle + Selic alta = renda fixa bombando.
Na prática:
Se antes era preciso correr risco pra ganhar 1% ao mês, agora você só precisa acordar cedo e aplicar num Tesouro Direto.
3. Dólar
- O real tende a se valorizar com juros altos, já que atrai capital estrangeiro para os títulos públicos.
- Porém, o risco fiscal e as incertezas políticas podem anular esse efeito.
4. Investimentos Internacionais
- Com a Selic nas alturas, o apelo dos investimentos lá fora diminui, já que o risco cambial pesa mais do que o retorno.
- Só vale a pena manter alocação global se for por diversificação, e não por retorno imediato.
5. Fundos Imobiliários (FIIs)
- Sofrem com o aumento da Selic, principalmente os de papel indexados à inflação ou IPCA+ com juros menores.
- FIIs de tijolo, como shoppings e galpões, podem sentir impacto nos preços e na vacância.
No fim, seguimos todos no foguete, torcendo pra que dessa vez, o BC tenha sacado na hora certa. Ou que pelo menos o combustível dure até a próxima reunião.
Bons Investimentos!