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O fim do ciclo de aperto de juros do FED

Publicado 12.05.2023, 13:48
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O cenário global está próximo de uma inflexão importante com a provável conclusão do ciclo de aperto dejuros pelo Fed. Ao aumentar a taxa para 5,25% ao ano e condicionar novas altas à evolução do cenário, a mensagem passada é de um longo período de estabilidade para a política monetária. Os requisitos para um novo aperto são elevados e só uma inflação surpreendentemente mais pressionada poderia mudar as perspectivas.   

No mercado, a expectativa é que a economia americana desacelere ao longo dos próximos trimestres e o desemprego suba gradualmente, o que reduzirá o núcleo do PCE de 4,6% para 3,5% entre 2022 e 2023. Como o processo de desinflação será gradual, a convergência para a meta de 2% só ficará clara ao longo de 2025, com o Fed tendendo a manter os juros estáveis até meados de 2024. 

A curva, porém, mostra cortes a partir de setembro de 2023, algo que só ocorreria com um “hard landing”, o que, segundo os dados recentes e o balanço saudável das famílias e das empresas, parece improvável. No Brasil, após a divulgação do arcabouço fiscal, as atenções se voltam para a tramitação da nova âncora no Congresso e os eventuais ajustes que deverão ser feitos no texto.

Considerando que o documento original flexibiliza alguns pontos da Lei de Responsabilidade Fiscal, a expectativa é de que o Congresso reintroduza alguns mecanismos de controle da lei, em especial, no que diz respeito ao crime de responsabilidade pelo descumprimento das metas e a necessidade de contingenciamentos bimestrais, caso haja o risco de um resultado primário abaixo do esperado no período. 

O processo de desinflação segue sendo um desafio para o Banco Central. O IPCA deve atingir 6,6% e 4,75%, respectivamente, para 2023 e 2024. A resiliência inflacionária de serviços indica que o mercado de trabalho segue aquecido. A conclusão da tramitação do arcabouço será importante para o BC avaliar os impactos da política fiscal no cenário de inflação. Esperamos que o ciclo de flexibilização dos juros seja iniciado a partir de setembro, com a taxa Selic atingindo 12,50% ao ano em dezembro deste ano.

Na renda fixa, o arcabouço fiscal e a desaceleração esperada da atividade elevam a probabilidade do Banco Central reduzir a Selic ao longo de 2024, o que justifica uma posição aplicada no contrato futuro de DI janeiro de 2025. Entretanto, a curva curta já embute o cenário de cortes que acreditamos no curto prazo, o que indica que uma posição neutra no vértice de janeiro 2024 faz sentido. A proteção contra surpresas inflacionárias juntamente com os elevados cupons dos títulos também justificam as compras das NTN-Bs de 2025 e NTN-Bs de 2030. 

No mercado de renda fixa global, os juros futuros seguem precificando os cortes a serem realizados pelo Fed a partir do segundo semestre de 2023. Avaliamos que isso seja pouco provável de acontecer e, portanto, acreditamos que as treasuries de dois anos sejam a alternativa mais adequada. 

Da mesma forma, a expectativa de uma política monetária mais dura por mais tempo também indica um caminho para posições tomadas nas treasuries de dez anos. O fim do ciclo de aperto de juros pelo Fed e a provável continuidade de aperto do Banco Central Europeu justificam a venda do dólar frente ao euro

No caso do real, a valorização observada recentemente justifica neutralidade dada a assimetria do risco e retorno de uma estratégia com a moeda brasileira. 

Na renda variável, a recuperação parcial após as perdas de fevereiro e março, somada ao arcabouço fiscal, criam um cenário mais favorável à frente. O setor defensivo é o preferido frente à expectativa de desaceleração da atividade doméstica. 

O fim do ciclo de aperto do Fed, a forte recuperação da economia chinesa no primeiro trimestre e a expectativa de continuidade de melhora do ambiente justificam uma posição comprada nas empresas ligadas ao ciclo econômico global. 

Por outro lado, nos fundos imobiliários, as incertezas domésticas seguem justificando uma exposição neutra na classe de ativos, contudo, há descontos elevados em fundos de recebíveis e de tijolo, que apresentam boas oportunidades de alocação.

Com relação às bolsas globais, a expectativa de redução do crescimento da economia americana implica em posição vendida no S&P 500. Na Ásia, os sinais de retomada da economia e do mercado imobiliário chinês justificam a manutenção da posição comprada no MSCI de emergentes. 

A bolsa de Shangai deverá ser a grande beneficiada, o que também torna a manutenção de uma estratégia comprada interessante. Nas commodities energéticas, a menor oferta e a demanda resiliente seguem sustentando a manutenção do petróleo em carteira. 

Nas metálicas, a recuperação dos investimentos em infraestrutura e do mercado imobiliário chinês tornam a classe em uma alternativa viável. No setor agrícola, a boa safra agora indica a venda nas commodities ligadas a este mercado. 

Para concluir, como eu disse mais acima, estamos em um ponto de inflexão na economia global e isso, sem dúvidas, traz uma série de riscos para o investidor. Neste ponto, portanto, a dica é permanecer fiel a uma estratégia de investimentos bem definida e equilibrada. 

Bons negócios e até a próxima!

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