Ouro: tendência de alta pode ter mais fôlego com retorno dos riscos comerciais

Publicado 14.07.2025, 14:50
  • O metal mantém firmeza diante da renovada aversão ao risco provocada pelas tensões comerciais e pelo enfraquecimento dos mercados acionários.
  • O rumo dos preços pode ser definido nos próximos dias pelo prazo final das tarifas de 1º de agosto e pelos dados de inflação dos EUA.
  • No horizonte de médio a longo prazo, os principais vetores de risco são a alta dos juros reais e a possível redução da demanda por ativos sem rendimento.
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Os metais preciosos abriram a semana com desempenho positivo. O ouro encerrou o período anterior com valorização de 0,5%, acumulando o segundo avanço semanal consecutivo, enquanto o prata teve desempenho superior ao renovar máximas de vários anos. Apesar de estar em fase de consolidação nas últimas semanas, o metal amarelo manteve suporte nas correções, após alcançar sucessivas máximas históricas no início do ano.

O movimento de alta atual marca o quarto pregão consecutivo de ganhos e reflete, em parte, a reativação das tensões comerciais, que também passaram a impactar negativamente os mercados acionários. No fim de semana, o presidente Trump voltou a ameaçar impor tarifas de 30% sobre produtos da União Europeia e do México, ampliando a escalada tarifária contra diversos parceiros comerciais.

A reação dos mercados, no entanto, foi moderada, sinalizando que parte dos investidores enxerga a medida como instrumento de negociação e espera que os termos finais sejam mais brandos. Ainda assim, com o prazo de 1º de agosto se aproximando e sem avanços concretos nas tratativas, a incerteza pode se intensificar, fator que tende a manter os preços do ouro próximos das máximas. Nesta semana, além da questão tarifária, o foco recai sobre os dados de inflação dos Estados Unidos.

Tarifas em pauta: haverá acordos antes de 1º de agosto?

O ouro acumulou ganhos em seis dos últimos sete trimestres, com retorno superior a 75% no período. Após atingir a máxima histórica de US$ 3.500 em abril, o metal passou boa parte do segundo trimestre oscilando próximo a esse patamar, em um movimento típico de exaustão. A recente retomada da aversão ao risco, impulsionada por novas ameaças tarifárias de Trump, reacendeu o interesse por ativos de proteção.

Caso o impasse comercial se intensifique, o ouro pode romper os recordes anteriores. Por outro lado, a celebração de acordos relevantes reduziria a demanda pelo ativo. Por ora, a indefinição favorece os compradores.

E no longo prazo?

A perspectiva futura dependerá do impacto inflacionário das novas tarifas. Se a inflação voltar a ganhar força, o Federal Reserve pode enfrentar limitações para cortar juros de forma agressiva. Isso poderia levar os rendimentos dos títulos a se manterem elevados, reduzindo o apelo por ativos sem rendimento, como o ouro, além de afetar ações de perfil mais sensível ao custo de capital.

Há ainda o risco de que o mercado tenha precificado em excesso os efeitos de uma guerra comercial em larga escala. Durante a recuperação das bolsas a partir das mínimas de abril, os preços do ouro recuaram apenas marginalmente, o que pode indicar excesso de otimismo por parte dos mercados acionários, dado que nenhum acordo relevante foi firmado. De qualquer forma, a incerteza continua sustentando as cotações do metal.

Após um primeiro semestre de desempenho expressivo, é provável que o ouro entre em uma fase de consolidação ou até mesmo de correção no segundo semestre, especialmente se a demanda por proteção perder fôlego. No curto prazo, no entanto, os desdobramentos comerciais e a volatilidade nas bolsas continuarão determinando sua trajetória.

Dólar em recuperação: movimento vai se sustentar?

O dólar norte-americano ganhou força na semana passada, apoiado por dados econômicos mais fortes que o previsto, mas também pela crescente preocupação com a inflação. As ameaças tarifárias de Trump e seus planos fiscais expansivos, com destaque para iniciativas de gastos e cortes de impostos, elevaram os riscos de inflação mais persistente.

Embora o mercado ainda espere que o Fed inicie cortes na taxa básica em setembro, a pressão inflacionária pode desacelerar o ritmo de afrouxamento monetário nos próximos meses. Caso isso se confirme, o dólar tende a seguir apoiado, desde que a credibilidade da política monetária não seja colocada em xeque.

Inflação e vendas no varejo: dados decisivos para o câmbio

A sustentação do movimento de recuperação do dólar dependerá tanto do andamento das negociações comerciais quanto da divulgação de indicadores relevantes. Nesta semana, os destaques são o CPI e as vendas no varejo dos EUA.

O índice de preços ao consumidor será divulgado na terça-feira. Até o momento, o impacto inflacionário das tarifas, dos estímulos fiscais e dos cortes tributários anunciados ainda não aparece com clareza nos dados. Mas é possível que a inflação permaneça elevada por mais tempo do que o mercado projeta, o que poderia adiar ou limitar os cortes de juros.

Já as vendas no varejo, programadas para quinta-feira, devem confirmar se o consumo permanece resiliente. Embora a economia americana tenha demonstrado resistência diante do cenário adverso, o desempenho das vendas no varejo núcleo em maio, queda de 0,3% na margem, sugere cautela, embora o mercado espere recuperação em junho.

Caso os dados de consumo surpreendam positivamente ou a inflação venha acima do esperado, o índice do dólar e os rendimentos dos Treasuries poderão avançar, criando obstáculos para a continuidade da alta do ouro.

Análise técnica: tendência ainda favorece os compradores

Análise técnica do ouro - gráfico diário
Do ponto de vista técnico, a tendência de alta para o ouro permanece válida, mesmo sem novas máximas recentes. Embora o metal esteja dentro de uma zona de consolidação mais ampla, os traders devem permanecer atentos à possibilidade de correções pontuais, mesmo que o viés geral continue favorável.

Até o momento, os preços seguem sustentados acima da linha de tendência de alta iniciada em 2025, com o prata renovando máximas de vários anos, o que confirma o domínio dos compradores. Um rompimento dessa linha nos próximos dias, no entanto, pode aumentar a volatilidade no curto prazo.

O principal suporte segue localizado em US$ 3.300, apenas um rompimento claro abaixo desse nível configuraria um sinal técnico negativo. Quedas pontuais até esse patamar, portanto, devem ser vistas como correções naturais dentro de um movimento maior de alta. O suporte intermediário está agora em US$ 3.350, região que havia funcionado como resistência nas últimas semanas.

Do lado superior, as resistências imediatas estão em US$ 3.400 e US$ 3.430. Superados esses níveis, o mercado pode mirar as máximas registradas em junho e abril, respectivamente em US$ 3.451 e US$ 3.500.

Já os vendedores observarão com atenção a região dos US$ 3.300. Se esse suporte for rompido, os preços podem acionar ordens de parada abaixo da mínima de junho, em US$ 3.247, com suporte posterior entre US$ 3.167 e US$ 3.200.

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