O mercado financeiro volta a funcionar a pleno vapor hoje, um dia após o Ibovespa registrar o pior volume financeiro em quase cinco anos. Apesar da sessão em Nova York, a agenda econômica lá fora está vazia, o que mantém o foco na cena local.
Os investidores parecem ter gostado das primeiras declarações da nova presidente da Petrobras (BVMF:PETR4), Magda Chambriard, feitas ontem à noite. Os recibos de ações (ADRs (NYSE:PBR)) da estatal petrolífera sobem mais de 1% nesta manhã no pré-mercado.
Enquanto as manchetes de veículos especializados destacam a fala dela sobre dividendos, também merece atenção a defesa pela atual política de preços dos combustíveis. Aliás, o avanço da gasolina e das passagens aéreas deve pressionar a prévia da inflação oficial ao consumidor (IPCA-15) em maio. Os alimentos também devem pesar.
Porém, os números efetivos, que saem às 9h, devem ter pouco impacto sobre as perspectivas para a inflação, que continuam aumentando. Ontem, o Boletim Focus mostrou que os economistas estão prevendo preços acima da meta neste ano e nos próximos, depois de ajustarem para cima a expectativa para a taxa Selic no fim de 2024.
Na teoria, essa conta não fecha. Afinal, juros mais altos servem para controlar os preços salgados. Foi isso o que um dos membros do Federal Reserve enfatizou ontem: será preciso “vários meses” de leituras positivas da inflação antes do início dos cortes na taxa dos Estados Unidos.
Já o presidente do Banco Central brasileiro, Roberto Campos Neto, atribui a piora na chamada expectativas de inflação a ruídos recentes, com o mercado tentando “politizar” a decisão deste mês do Comitê de Política Monetária (Copom) por causa do placar apertado. Por isso, para ele, essas previsões de inflação vão melhorar com o tempo.
A curva de juros local reagiu bem à mensagem de Campos Neto, devolvendo parte dos prêmios incorporados após a forte aversão ao risco na semana passada. O dólar, por sua vez, ficou estável. Ao que tudo indica, os investidores estão tentando tirar proveito do melhor de dois mundos, garantindo os retornos atrativos do IPCA +6% e do dólar +6%.