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Pouso suave, forçado ou crescimento: o que apontam os balanços preliminares?

Publicado 20.01.2023, 11:00
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  • Dados econômicos recentes sugerem que a economia dos EUA pode entrar em recessão.
  • Números robustos de emprego, tendência de queda da inflação e resultados corporativos positivos são argumentos defendidos por investidores otimistas.
  • Algumas empresas, no entanto, estão fazendo projeções cautelosas de lucro.
  • Em que situação se encontra o consumidor dos EUA? Enfrentando dificuldades com a inflação ainda elevada e utilizando o excesso de poupança acumulada durante a pandemia?

    Ou será que estão se dando bem com o robusto mercado de trabalho, com aumentos reais de salários e a menor taxa de desemprego desde 1969?

    É possível apontar dados em ambas as direções, neste momento em que os temores de uma recessão estão diminuindo. Os relatórios de empregos urbanos e de inflação (IPC) de dezembro sugerem que o crescimento estável e constante da economia pode não ser algo tão improvável. Evidentemente, o “x” da questão é o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Jerome Powell, e o resto dos integrantes da instituição.

    Outros sinais esperançosos estão surgindo aqui e ali. Redução dos preços das commodities, spreads favoráveis de crédito e redução das taxas de juros ajudam a afrouxar as condições financeiras. O outro lado da moeda é que esse cenário vai de encontro com a missão do Fed de combater a inflação oportunamente. Saberemos mais nas próximas semanas, à medida que as grandes corporações americanas e mundiais divulgarem seus balanços do 4º tri.

    Mas já é possível ter algumas indicações a partir dos números preliminares de vendas e resultados corporativos, tanto para o lado positivo quanto para o lado da cautela. Vamos analisar alguns anúncios preliminares, com base em informações da Wall Street Horizon, e o que isso pode significar para as ações, à medida que embarcamos em um ano repleto de incertezas.

    Pouso suave? E a decolagem das ações das companhias aéreas?

    Um dos principais balanços preliminares emitidos no fim de 2022 foi a de uma gigante dos transportes, dentro do setor industrial. A Delta Airlines (NYSE:DAL) realizou seu Dia do Investidor em meados de dezembro e, no evento, a gerência expressou otimismo em relação à perspectiva de geração de fluxo de caixa para 2023 e 2024. Apesar da tensão dos consumidores, com base em algumas métricas, eles ainda querem viajar, ao mesmo tempo em que os executivos passam a voar com mais frequência para reuniões corporativas.

    Com o recuo dos preços do petróleo, o custo da milha por assento disponível da DAL também caiu ano a ano, de acordo com a conferência da companhia com investidores. Com isso, no dia 14 de dezembro, a dezembro elevou sua projeção de LPA para o 4º tri de US$ 1,00-1,25 para 1,35-1,40. O resultado foi que os papéis da companhia decolaram neste início de ano. A ação subiu de US$ 32 há algumas semanas para US$ 40 na primeira quinzena de janeiro.

    Na sexta-feira, 13 de janeiro, a Delta divulgou números de faturamento e lucro acima das expectativas, mas as ações da companhia acabaram recuando, inicialmente devido à redução das projeções de LPA para o 1º tri de 2023. Mesmo assim, o CEO declarou que o lucro de US$ 5 a 6 por ação estava previsto para este ano, graças ao sólido aumento da receita e à redução de custos.

    A gerência da Delta participou da conferência Airfinance Journal Dublin 2023, em 17 e 18 de Journal, e seus comentários podem gerar volatilidade nos papéis daqui para frente.

    • Delta Airlines dispara após otimismo com previsão de lucro e projeções

    DAL diário

    Fonte: Stockcharts.com

    Além disso, a American Airlines (BVMF:AALL34) (NASDAQ:AAL) voou na semana passada, depois de superar as previsões de receita e lucro para o 4º tri, além de elevar as expectativas de margem. Fique de olho na AAL no fim deste mês, quando a empresa apresentará seu balanço no dia 26 de janeiro.

    Difícil realidade no varejo?

    Quem está pessimista com o mercado ainda tem muitas balas na agulha para gastar. Uma delas é a perspectiva nada boa da grande varejista Macy’s (NYSE:M). A rede de lojas de departamento, com capitalização de mercado de US$ 6,2 bilhões, forneceu atualizações a respeito do que espera para as vendas e o lucro no quarto trimestre. A receita deve ficar na faixa de US$ 8,16 bilhões a US$ 8,40 bilhões, contra uma previsão de US$ 8,3 bilhões.  A expectativa é que o LPA fique na faixa de US$ 1,47 a US$ 1,67 em comparação com o consenso de US$ 1,61.

    Esse número preliminar implica uma queda considerável na receita anual durante o período mais importante do calendário para um varejista. Não saberemos os resultados finais até terça-feira, 7 de março, quando está prevista a divulgação das vendas nas mesmas lojas e dos resultados totais de lucro do quarto trimestre.

    • Macy’s: ações enfrentam dificuldades em dezembro, mas repicam no ano-novo

    M diário

    Fonte: Stockcharts.com

    Um vencedor em 2022

    Por fim, falaremos sobre outra empresa cíclica com menos exposição ao consumidor final. A Nucor (BVMF:N1UE34)(NYSE:NUE) é uma fabricante de aço e produtos relacionados, com vendas na América do Norte. A empresa do setor de Materiais com capitalização de mercado de US$ 40 bilhões foi uma das grandes vencedoras do ano passado. Enquanto o S&P 500 caiu cerca de 15% em 12 meses, as ações da indústria de aço com sede em Charlotte subiram quase 40%.

    Em meio à incerteza macro e à perspectiva nebulosa dos CEOs sobre a economia global, a empresa expressou que ainda espera números positivos para todo o ano de 2022 em comparação com o total de 2021. As ações da NUE oscilaram nas semanas seguintes à notícia, mas depois subiram para novas máximas de 8 meses na primeira quinzena de janeiro. A data de divulgação do balanço do quarto trimestre é 26 de janeiro.

    • Nucor Steel se recupera e supera desempenho do S&P 500

    NUE diário

    Fonte: Stockcharts.com

    Conclusão

    Recessão ou continuidade do crescimento no primeiro semestre do ano? Parece que os investidores estão lentamente pendendo para um lado.  Mas provavelmente acabaremos em algum lugar no meio. Diante das projeções preliminares de lucro e vendas de várias empresas, o mundo corporativo está tentando emitir algumas mensagens aos investidores.

    Está claro que algumas partes da economia estão saudáveis, enquanto outras estão enfrentando bases comparativas nitidamente mais difíceis do período incomum de estímulo do final de 2021, quando os juros estavam superbaixos. Até agora, tudo indica que os investidores estão dando mais atenção às más notícias.

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