- Resultados do 1T22 fiscal serão divulgados na terça-feira, 19 de outubro, antes da abertura do mercado;
- Expectativa de receita: US$19,79 bilhões;
- Expectativa de lucro por ação: US$1,59.
As ações da Procter & Gamble (NYSE:PG) (SA:PGCO34), gigante mundial no setor de produtos básicos de consumo, registraram uma grande corrida de alta durante a pandemia.
Os investidores fizeram suas ações dispararem até a máxima recorde, em meio a um crescimento explosivo das vendas. Mas esse período incomum de expansão está acabando, à medida que a economia mundial se reabre e os consumidores mudam seus padrões de consumo.
Além disso, a gigante de Cincinnati, Ohio, está enfrentando uma variedade de ventos contrários, inclusive distúrbios na cadeia de fornecimento e escalada de custos. Esses fatores podem desacelerar as vendas e prejudicar as margens neste ano e no próximo.
A edição do relatório “CFO Signals”, da Deloitte, referente ao terceiro trimestre e que abrange respostas colhidas na primeira quinzena de agosto, mostrou que 44% dos diretores financeiros indicavam que os distúrbios na cadeia de suprimentos haviam aumentando os custos em 5% ou mais neste ano, enquanto 32% disseram que as vendas haviam caído, devido aos atrasos ou à falta de insumos, de acordo com a Bloomberg.
Em sua última atualização, a P&G prevê um crescimento de 2 a 4% em suas vendas orgânicas durante o atual ano fiscal, que começa em julho. Isso representa uma queda em relação ao avanço de 6% registrado pela companhia no ano fiscal anterior, período marcado pela mudança do comportamento dos consumidores durante a pandemia, os quais passaram a estocar mais produtos em casa.
A P&G está entre as poucas empresas que mantiveram sua projeção de resultados durante toda a pandemia, beneficiando-se do comportamento de pânico dos consumidores, que passaram a estocar papel higiênico e produtos de limpeza, enquanto o vírus da Covid-19 se espalhava. Contudo, será difícil repetir esse desempenho.
Ação ainda está atraente
O menor ritmo de crescimento será acompanhado de um aumento de US$1,9 bilhão em despesas, após impostos, gerado pelo encarecimento do frete e matérias-primas, como polpas e resinas. Tudo isso, aliado à variação cambial, deve reduzir o lucro por ação do papel em cerca de US$0,70 durante o ano, de acordo com a P&G.
Esses fatores transitórios, entretanto, não devem desencorajar investidores de longo prazo que pensam em tirar proveito de qualquer fraqueza nas ações da P&G. A companhia está bem posicionada para lidar com a inflação das commodities, graças ao seu robusto e diversificado portfólio.
Nos últimos cinco anos, a P&G, proprietária de marcas como os barbeadores Gillette e o sabão líquido Ariel, inovou em marketing e simplificou sua estrutura organizacional.
Sob a gestão do CEO David Taylor, que será substituído no próximo mês por Jon Moeller, a P&G reduziu seu portfólio de marcas de 175 para 65, focando nas 10 categorias com maior margem. Ao longo desse processo, a companhia também eliminou 34.000 postos de trabalho através da combinação de vendas de marcas, programas de demissão e fechamento de fábricas, reduzindo mais de US$ 10 bilhões em custos.
Conclusão
As ações da P&G, que fecharam o pregão de sexta-feira cotadas a US$144,42, continuam sendo nossa escolha favorita entre as empresas de produtos de consumo embalados. A empresa é uma das maiores pagadoras de dividendos dos EUA, distribuindo um dividendo anual de US$3,48 por ação, para um rendimento de 2,4%, um histórico difícil de bater.
Vemos poucas razões para abandonar essa gigante do setor de consumo, mesmo que suas ações passem por dificuldades nos atual ambiente inflacionário.