Vale reduz capex para transição energética e aponta maior eficiência no investimento
De acordo com o estudo Nielsen Trust in Advertising (2022), 71% dos consumidores afirmam confiar na publicidade, nas opiniões e na inserção de produtos realizadas por influenciadores digitais. Esse dado ajuda a explicar a ascensão da chamada “economia da influência”, marcada pelo rápido crescimento de profissionais que transformaram a criação de conteúdo em carreira. O Brasil ocupa posição de destaque nesse cenário: são mais de 500 mil contas de influenciadores apenas no Instagram, consolidando o país como líder global no segmento (Nielsen, 2021).
O fenômeno da influência digital abriu espaço para diferentes nichos, incluindo o de influenciadores financeiros — os chamados Financial Influencers ou FinFluencers. FinFluencers atuam como intermediários entre empresas e investidores, divulgando produtos e serviços financeiros para suas audiências. Esse movimento, contudo, levanta preocupações. Quando a inovação tecnológica avança mais rápido do que a regulação, surgem brechas para práticas que podem distorcer o mercado e expor investidores a riscos elevados.
Em meu mais recente estudo Pay to Pump: Financial Influencers and Stock Returns, publicado na revista científica Applied Economics Letters, essa questão é analisada. A pesquisa analisou 122 promoções pagas realizadas por influenciadores financeiros no YouTube, envolvendo ações listadas em bolsas dos Estados Unidos e do Canadá no chamado Small Caps. Os resultados mostram que, nos cinco primeiros dias após a divulgação, os papéis tiveram um retorno médio de 11,7%. No entanto, esse efeito se dissipa rapidamente: em cerca de 30 dias, os preços retornaram ao patamar anterior, sugerindo ganhos de curtíssimo prazo sem sustentação em fundamentos econômicos.
Esses achados chamam a atenção para dois pontos centrais: primeiro, a capacidade dos FinFluencers de influenciar preços no mercado, movendo valores apenas pela exposição junto à sua base de seguidores. Segundo, o risco de que essas práticas se aproximem de manipulação de mercado, especialmente quando empresas pagam para promover ações e, em seguida, se beneficiam da valorização temporária ao vendê-las por preços mais altos. Essa dinâmica guarda semelhança com a prática conhecida como pump and dump, historicamente associada a fraudes.
Diante desse cenário, cresce a necessidade de uma regulação mais clara e eficaz para o mercado de influenciadores financeiros. FinFluencers movimentam audiências expressivas e, por isso, deveriam estar sujeitos ao mesmo nível de escrutínio e responsabilidade que já se aplica a profissionais do mercado financeiro tradicional. Transparência e ética são condições essenciais não apenas para proteger o investidor de eventuais abusos, mas também para assegurar o bom funcionamento do mercado e sustentar o crescimento econômico.
Para o público, a recomendação é de cautela. Promessas de ganhos rápidos merecem desconfiança. É fundamental buscar informações em fontes confiáveis e diversificadas e, sempre que possível, recorrer a orientação de profissionais qualificados antes de tomar decisões de investimento.
Fontes:
LEITE, R., MORAES, F., MOURA, M. 2025. Pay to Pump: Financial Influencers and Stock Returns. Applied Economics Letters, p. 1 – 5.
NIELSEN. Getting closer: influencers help brands build more personal consumer connections. 2022.
NIELSEN. Nielsen cria nova tecnologia para aproximar marcas e influenciadores. 2021.